Máquina de Fogo
Meu coração é máquina de fogo,
luz de magnésio, floresta incendiada.
Combustar-se é o seu próprio desafogo.
Arde por tudo, inflama-se por nada.
António Gedeão, in "Máquina de Fogo , 1961- Poesias Completas de 1956-1967", Sá da Costa Editora, p.89
Máquina do mundo
O universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias , buracos, porosidade etérea.
Intervalos, distâncias , buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
António Gedeão, in "Máquina de Fogo , 1961- Poesias Completas de 1956-1967", Sá da Costa Editora, p. 102
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