Um magnífico e inédito poema de Eugénio Lisboa, escrito neste tempo de peste, que publicamos com singular deleite.
EM TEMPO DE PESTE
As palavras o que podem? Se pesam
demais e vão além do que é preciso,
ofendem a subtileza e lesam
o valor do que deve ser conciso.
Se ficam aquém do que é necessário
e dizem menos do que foi sentido,
se o pensamento dito sai precário,
todo o esforço de dizer foi perdido.
Face a uma grande calamidade,
dilúvio, peste, fome ou guerra,
as palavras perdem vitalidade
e tremem do mal que assola a terra.
As palavras podem só o que podem
e sugerem, das nossas emoções,
uma leve sombra – e mal acodem
ao tumulto das nossas aflições.
Porém, as palavras são o que temos
e só com elas ao nosso dispor
iremos fazer o que podemos:
dar ao nosso mundo alguma cor.
8.05.2020
Eugénio Lisboa,
O Eça disse-o de
outra maneira mais pícara:
Pilriteiros que dás
pilritos
por que não dás tu
coisa boa?
Cada um dá o que pode
conforme a sua
pessoa!
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