Eugénio Lisboa |
Um novo e magnífico soneto de Eugénio Lisboa, um dos nossos mais eruditos intelectuais a quem o assombro de um imanente espanto jamais se extinguiu. Aos 89 anos, continua a explorá-lo desassombradamente.
É tão estranha a vida.
É tão estranha a morte.
É estranho que seja
tudo tão estranho
e tudo cause, em mim,
um tal desnorte,
que o assombro seja, em
mim, tamanho,
que fico detido,
explorando o espanto
de coisa nenhuma ser
evidente!
Resta-me, então, digo
eu, o canto
que amacia o que não é
transparente!
Viver é assim não
compreender,
que é a melhor forma de
descobrir.
Se há virtudes no não
entender,
se é bom forçar a
porta, insistir,
contudo, a um mistério
decifrado,
outro logo se apresenta
fechado!
20.05.2020
Eugénio Lisboa
Congeminações de sempre, que a solidão da peste
agudiza!
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