quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Alvorecer em Novembro






Procurava. A neblina, ainda húmida da noite, pesava  e restringia-lhe os movimentos. Deveria colocar-se a oriente. Era lá o seu lugar. Mas hesitava.  As nuvens agregavam-se em cerco. Rompê-las, obrigava -o a deslocar-se num novo movimento. E espreitava. Direita, esquerda, ao centro. A manhã tinha de raiar.   O caminho era espesso . Denso . A Lua dormia no Além . Era ele a Luz. A escuridão era devassa . Sabia-o . Desde o tempo do não tempo que a conhecia. Sagaz e renitente, fugia-lhe,  após um incessante  saracotear  faceiro , em jeito de sedução  e de  pungente lamento.   Resistia-lhe. Sempre se negou. Não se subjugava aos vislumbres de quaisquer promessas vãs .  A luz e o calor do seu corpo estendiam-se apenas em Liberdade. O espaço que lhe pertencia não tinha muros. Nem sempre se mostrava com nitidez. Talvez, por isso, lhe tenham atribuído  esse sublime desígnio:  o Sol quando nasce é para todos. Esse era realmente o seu lema, a sua vontade, a sua utopia. Sim. Também a tinha. Queria e sonhava alimentar o mundo.  Iluminá-lo  e dar-lhe o fulgor  que esclarece a mente e pacifica o coração.
Encheu-se de força  e rompeu. O alvorecer estava completo. Iniciava um novo dia. Uma clara e luminosa manhã de Novembro.

Sem comentários:

Enviar um comentário