Sim, a vida não presta.
Mas foi bonita a festa
Da mocidade.
O corpo são, a alma sã e todos os sentidos
Na sua virgindade
Castamente despidos.
Lembrá-lo, agora, dá não sei que paz.
Esta paz medular
De já ter sido.
E ter sido capaz
De uma hora solar
Gravada a fogo no tempo perdido.
Coimbra, 14 de Maio de 1981
Miguel Torga, in “ Diário XII”, Círculo de Leitores
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