terça-feira, 27 de junho de 2017

A necessidade de equilíbrio

“ A tendência para o equilíbrio, que nos é íntima, profunda  e permanente, está-me sempre a ser falseada. As bases  em que ela devia assentar jogam muito , comprometem-na a todo o momento.
Não nos basta cabeça, não. Nós que somos senão ordem e desordem constante? Cabeça ai, ai! Mas esta tendência para o equilíbrio, esta ânsia de segurança e de fé, de orientação e de paz, com que se podia animar? Com o trabalho  que nos vence , com o bem sentimental que nos satisfaz? Com o conhecimento ou com o desconhecimento das paixões dos outros? Com a nossa abstinência ou interferência nelas?
Este sentido ou esta necessidade de equilíbrio  é uma qualidade de instinto de conservação, nosso todo psíquico…Mas contentá-lo? Sim, dar-lhe força, como?”
Irene Lisboa , em Solidão,(volume II), Editorial Presença, 1992, p.159 

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