“ A tendência para o equilíbrio, que nos é íntima,
profunda e permanente, está-me sempre a
ser falseada. As bases em que ela devia
assentar jogam muito , comprometem-na a todo o momento.
Não nos basta cabeça, não. Nós que somos senão ordem e
desordem constante? Cabeça ai, ai! Mas esta tendência para o equilíbrio, esta
ânsia de segurança e de fé, de orientação e de paz, com que se podia animar?
Com o trabalho que nos vence , com o bem
sentimental que nos satisfaz? Com o conhecimento ou com o desconhecimento das
paixões dos outros? Com a nossa abstinência ou interferência nelas?
Este sentido ou esta necessidade de equilíbrio é uma qualidade de instinto de conservação,
nosso todo psíquico…Mas contentá-lo? Sim, dar-lhe força, como?”
Irene Lisboa , em Solidão,(volume II), Editorial Presença, 1992, p.159
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