"Amor
é isto: a dialéctica entre a alegria do encontro e a dor da
separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se
chama fidelidade: a espera do regresso. De alguma forma a gota da chuva
aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar
afora. Morte e ressurreição. Na dialéctica do amor, a própria dialéctica divina. Quem não pode suportar a dor da separação não esta preparado
para o amor. Porque amor é algo que não se tem nunca. É o vento de
graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando
ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar
a dor da ausência, pela alegria do reencontro."
Rubem Alves, "Onde mora o Amor", in 'Tempus Fugit'. São Paulo: Edições Paulus, 1990.
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