"Com 88 anos e uma vasta obra publicada, a notícia de que Eduardo Lourenço é o 25.º distinguido com o Prémio Pessoa chega no dia 16 de Dezembro de 2011. O anúncio foi feito, como habitualmente, no Palácio de Seteais em Sintra por Francisco Pinto Balsemão, que preside ao júri também constituído por Fernando Faria de Oliveira (Vice-Presidente), António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga e Rui Magalhães Baião.
"Num momento crítico da História e da sociedade portuguesa, torna-se imperioso e urgente prestar reconhecimento ao exemplo de uma personalidade intelectual, cultural, ética e cívica que marcou o século XX português", escreveu o júri em comunicado sobre a escolha de Eduardo Lourenço, homenageando "a generosidade e a modéstia desta sabedoria, que tendo deixado uma marca universal nos Estudos Portugueses e nos Estudos Pessoanos, nunca desdenhou a heterodoxia nem as grandes questões do nosso tempo e da nossa identidade".
Para o júri, do qual Eduardo Lourenço foi membro até 1993, este prémio pretende prestigiar o filósofo e a sua intervenção na sociedade, "ao longo de décadas de dedicação, labor e curiosidade intelectual, que o levaram à constituição de uma obra filosófica, ensaística e literária sem paralelo".
Eduardo Lourenço é o grande intérprete da identidade portuguesa com projecção internacional."
Eduardo Lourenço é o grande intérprete da identidade portuguesa com projecção internacional."
Em declarações à Antena 1, logo após o anúncio da distinção, Eduardo Lourenço vincou que “não esperava nada”. O que não significa que veja o Prémio como imerecido. Porque se trata de uma distinção “especial”. “Só sei que estou naturalmente contente por ter recebido, porque a minha vida cultural, em parte, encontrou sempre em Pessoa um objecto de dilecção. Escrevi algumas coisas, realmente, sobre ele. E esse Prémio será um dos raros prémios em que eu não considero que desmereça. Obtendo um Prémio que toda a gente gostaria de ter, naturalmente, outros merecerão tanto como eu ou mais”, afirmou.
À rádio pública, o ensaísta disse assim encarar o Prémio Pessoa como “especial” porque o poeta que lhe empresta o nome “se tornou um ícone cultural, não só português mas europeu e mesmo mundial”. “E receber um Prémio com o nome dele é como receber do além a visita dele”, confessou entre risos, depois de dizer que a anterior distinção com o Prémio Camões teria sido suficiente para “terminar com o apetite de prémios”: “Se é que alguma vez esteve na minha intenção”.
À rádio pública, o ensaísta disse assim encarar o Prémio Pessoa como “especial” porque o poeta que lhe empresta o nome “se tornou um ícone cultural, não só português mas europeu e mesmo mundial”. “E receber um Prémio com o nome dele é como receber do além a visita dele”, confessou entre risos, depois de dizer que a anterior distinção com o Prémio Camões teria sido suficiente para “terminar com o apetite de prémios”: “Se é que alguma vez esteve na minha intenção”.
Questionado pela Antena 1 sobre a perspectiva de um ano de 2012 difícil para Portugal, Eduardo Lourenço adiantou que observa a actual conjuntura “com natural preocupação, como toda a gente”. “Não só em relação ao nosso próprio destino caseiro, mas ao destino da Europa, que visivelmente está a atravessar uma crise como ela não conhecia desde o fim da II Guerra Mundial. Espero que as coisas melhorem no próximo ano. Mas não estou certo. Não sou Cassandra”, concluiu.
Eduardo Lourenço continua a ser um dos maiores pensadores portugueses nos nossos dias. Com prémio ou sem prémio. Ele, o Eduardo, só ele,já é em si um Prémio que nos coube a nós todos, portugueses. No entanto, o "Prémio Pessoa" não poderia encontrar melhor destinatário. Tal como o poeta - Fernando Pessoa - Eduardo Lourenço soube com sabedoria, conhecimento, acerto, ponderação, seriedade, modéstia, simplicidade, dotes de comunicação, ver e mostrar-nos para além do visível, a dimensão do indizível e do invisível aos nossos olhos distraídos. Ninguém - na actualidade - representa tão bem o ser, a razão de sermos ainda portugueses. - V. P.
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