Nelson Pereira dos Santos (n. S. Paulo, 1928) foi o convidado de honra do 15º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, que decorreu na primeira semana de Dezembro.
O realizador do mítico "Vidas Secas" (1963), filme emblema do Cinema Novo brasileiro, acompanhou nesta cidade, no dia 4 de Dezembro, a antestreia portuguesa do seu mais recente trabalho, o documentário "A Música Segundo Tom Jobim" - que passara já nos festivais de Nova Iorque, Amesterdão e Copenhaga, e chegará às salas brasileiras apenas a 20 de Janeiro. Trata-se de uma viagem de hora e meia ao mundo musical daquele que é um expoente da Bossa Nova, um filme que "é pura música", disse Nelson Pereira dos Santos, a justificar a sua opção por deixar de parte qualquer expediente narrativo exterior às músicas e às canções de Tom Jobim (1927-1994). Que podemos ver e ouvir interpretadas por nomes maiores da cena musical mundial, de Ella Fitzgerald a Elis Regina, de Judy Garland a Frank Sinatra, de Elizete Cardoso a Dizzie Gillespie, de Chico Buarque a Mina, de Milton Nascimento a Diana Krall...
Nos dias em que esteve de regresso a Portugal, país que visita com frequência e onde já rodou parte do filme "Casa Grande & Senzala", Nelson Pereira dos Santos teve também oportunidade de se reencontrar com Manoel de Oliveira, que conheceu pela primeira vez em 1956, em Paris. Numa sessão pública realizada em Guimarães, organizada pelos responsáveis pela Capital Europeia da Cultura, os dois realizadores trocaram impressões sobre o estado actual do cinema, e falaram dos novos projectos de ambos. O autor de "Jubiabá", que tem também já pronto um "segundo acto" do seu documentário sobre Tom Jobim, disse ao PÚBLICO que gostaria agora de levar ao ecrã uma biografia de Pedro II (1825-1891), o segundo e último Imperador do Brasil.
Guimarães 2012 anunciou, entretanto, que homenageará Nelson Pereira dos Santos com uma mostra a apresentar no final da Capital Europeia da Cultura. in "Ipsilon"
O Miúdo da Bicicleta, o novo filme de Jean-Pierre e Luc Dardenne
O Miúdo da Bicicleta, o novo filme de Jean-Pierre e Luc Dardenne
"O cinema dos Dardenne é realista porque é inspirado no dia-a-dia das pessoas. Assim eles se descreveram uma vez e é fundamental entender que a sua obra continua a parecer refrescante ainda que voltem a territórios conhecidos. E pouca gente no mundo do cinema consegue fazer desconstruções das personagem como eles, aproveitando normalmente a disfunção familiar e almas torturadas que procuram um rumo ou um guia para a sua vida.
Cyril é um jovem com quase 12 anos que procura o pai incansavelmente. Nada mais importa e essa obstinação familiar leva-o a sistematicamente fugir do centro de acolhimento de órfãos em que se encontra. O seu pai desapareceu há mais de um mês, mas ele acredita que tudo não passa de um mal entendido e que as pessoas mentem-lhe mesmo. Na realidade a verdade é muito dura. Nós percebemos, as personagens adultas não sabem como confrontar o jovem com isso, a criança nem quer saber das explicações. Ela quer o pai. E com isto temos um dos filmes mais simples e complexos da temporada, até porque os locais comuns do drama em questão são todos visitados mas com uma unicidade tal que parece que os clichés ficaram encurralados e sem qualquer importância.
A destacar a prestação do jovem Thomas Doret, sempre assustadoramente espontânea, instintiva e ingénua, até nas acções mais chocantes e gritantes. A contenção do overacting é fantástica e tudo isto dá uma maior ambição a um filme repleto de compaixão. Mas além disto, e como os próprios descrevem nas suas notas sobre a obra, existe um « triângulo geográfico para este filme: a cidade, a floresta e a bomba de gasolina. A floresta é um local de atracção perigosa para Cyril, o local onde pode aprender a ser um patife. A cidade representa o passado com o pai e o presente com Samantha. A bomba de gasolina é um local de transição, onde o enredo sofre várias reviravoltas.». No fundo eles queriam «construir o filme como uma espécie de conto de fadas, com malfeitores que fazem o rapaz perder as ilusões e Samantha, que aparece como uma fada.». E conseguem.
«O Miúdo da bicicleta» é um bom filme e que volta a mostrar a sapiência de um duo que constantemente se reinventa no Universo dos problemas sociais e demasiado reais para o estômago do espectador comum.
A não perder….
O Melhor: A compaixão e o pequeno Doret
O Pior: O centro de reabilitação é um espaço e não passa disso. Nunca vemos uma interacção real com a pequena personagem, o que lhe tentam ensinar. Apenas é o espaço de onde ele foge." Artigo retirado do site www.c7nema.net
"O miúdo da bicicleta", realizado pelos irmãos Dardenne, foi o filme vencedor do grande prémio do Júri na edição de 2011 do Festival de Cannes e o Prémio Melhor Realização do Flaiano Film Festival. Actores:
Cécile de France - Samantha
Thomas Doret - Cyril
Fabrizio Rongione - Livreiro
Agon Di Mateo - Wes
Olivier Gourmet
Thomas Doret - Cyril
Fabrizio Rongione - Livreiro
Agon Di Mateo - Wes
Olivier Gourmet
Ficha Técnica:
Argumento e Realização - Jean-Pierre e Luc Dardenne
Director de Fotografia - Alain Marcoen
Guarda Roupa - Maira Ramedhan Lévy
Montagem - Marie-Hélène Dozo
Produção - Jean-Pierre e Luc Dardenne e Denis Freyd
Director de Fotografia - Alain Marcoen
Guarda Roupa - Maira Ramedhan Lévy
Montagem - Marie-Hélène Dozo
Produção - Jean-Pierre e Luc Dardenne e Denis Freyd
Título Original / Internacional: Le Gamin Au Vélo
Ano de Produção: 2011
País: França
Género: Longa-metragem
Duração : 87´
Data de estreia em Portugal : 22-12-2011
Ano de Produção: 2011
País: França
Género: Longa-metragem
Duração : 87´
Data de estreia em Portugal : 22-12-2011
O Cinema é uma Arte. Uma Arte que já ultrapassou um século, mas que se soube impor desde a primeira hora como uma forma e corrência imponentes, simuladoras e devassadoras, mas de um modo cativante, visual,declarativo,genial, pertinente, insofismável, e tem sido assim até aos nossos dias. Tornou-se, pois, por vezes, sublime e inultrapassável!... Mágica, sobretudo, quando a magia é necessária como pão para a boca, especialmente nos trilhos incertos, suspeitos e cheios de escolhos que percorremos. O Cinema é e continuará a ser a dupla invenção do real ao alcance da nossa mão, e também a imagem e o movimento num plano em que somos protagonistas e espectadores em simultâneo. assim, o Cinema reflectiu-nos o que somos, deixando-nos ter sido o que sempre fomos.- V. P.
ResponderEliminarO Cinema foi a Arte que se desenvolveu mais rapidamente, utilizando uma tecnologia avançada, envolvida na procura incessante de novos métodos, de novas formas, de mais realismo... Aproveitou-se igualmente da massificação da literacia, da democratização do ensino, da luz, do som, das falas, dos gritos (já pensaram na potência do grito, em si?!...), aproveitou-se do movimentos das multidões, do desatar de muitas inibições, da expressão da revolta social, do evoluir demasiado rápido da História da Humanidade. - V.P.
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