Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Leva nas águas as grades
...
Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo
Tejo que levas nas águas
Adriano Correia de Oliveira (Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982) foi um dos maiores trovadores portugueses do Sec. XX. Lutou tenazmente pela liberdade e a sua voz melódica e peculiar denunciou , com coragem, a opressão exercida no tempo da ditadura em Portugal.
Infelizmente, as palavras deste "Tejo que Levas as Águas" encaixam na realidade actual. Que infortúnio o nosso e quão frágil é a memória dos homens. Preservar a pluralidade em liberdade deve ser sempre e primodialmente um ideário permanente de todos os Homens.
Em memória de Adriano Correia de Oliveira, neste Abril de 2010, fica esta excelente canção que pertence ao Album “Que Nunca Mais” com textos de Manuel da Fonseca, arranjos e direcção musical de Fausto.
Infelizmente, as palavras deste "Tejo que Levas as Águas" encaixam na realidade actual. Que infortúnio o nosso e quão frágil é a memória dos homens. Preservar a pluralidade em liberdade deve ser sempre e primodialmente um ideário permanente de todos os Homens.
Em memória de Adriano Correia de Oliveira, neste Abril de 2010, fica esta excelente canção que pertence ao Album “Que Nunca Mais” com textos de Manuel da Fonseca, arranjos e direcção musical de Fausto.
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