Eugénio Lisboa a ser condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem de Santiago de Espada, em Agosto de 2019. |
Eugénio Lisboa
José Régio tinha razão. A Antologia foi escrita, com apurada dedicação e sagaz espírito crítico por Eugénio Lisboa ,
a par do término da licenciatura em Engenharia Electrotécnica que frequentava.
Eugénio Lisboa cumpriu o pedido que o conceituado escritor
lhe tinha formulado. Uma nova voz nascia nas Letras Portuguesas . E, como todas
as novas vozes, fez tremer a segurança
de algumas velhas e instaladas personalidades literárias que já se tinham
assustado com a escolha feita pelo
poeta. Mas José Régio ficou satisfeito com o trabalho do jovem promissor. E,
com ele, outros celebraram esta obra. David Mourão-Ferreira foi um deles.
Eugénio Lisboa inicia, assim, a sua carreira de escritor. Só dezasseis anos mais tarde, em 1973, publica um outro livro, o primeiro tomo da “ Crónica dos Anos da Peste” a que junta, em 1975, o segundo volume. Nestes dois tomos, reúne textos que escreveu desde 1956, data do regresso definitivo a Moçambique , até 1975. Todos estes textos tinham vindo a ser publicados na Imprensa moçambicana e na portuguesa continental.
Eugénio Lisboa iniciou uma carreira de escritor porque tinha talento. Não foi a clarividente selecção de José Régio que lho forneceu. O autor de Poemas de Deus e do Diabo apenas soube descortinar a luz que já iluminava a capacidade intelectual deste jovem curioso, culto e inteligente.
E nunca mais parou. Fez das palavras a sua pauta , a sua voz , a sua arte , a eterna e sempre reinventada sinfonia que faz dele um autor celebrado.
Eugénio Lisboa inicia, assim, a sua carreira de escritor. Só dezasseis anos mais tarde, em 1973, publica um outro livro, o primeiro tomo da “ Crónica dos Anos da Peste” a que junta, em 1975, o segundo volume. Nestes dois tomos, reúne textos que escreveu desde 1956, data do regresso definitivo a Moçambique , até 1975. Todos estes textos tinham vindo a ser publicados na Imprensa moçambicana e na portuguesa continental.
Eugénio Lisboa iniciou uma carreira de escritor porque tinha talento. Não foi a clarividente selecção de José Régio que lho forneceu. O autor de Poemas de Deus e do Diabo apenas soube descortinar a luz que já iluminava a capacidade intelectual deste jovem curioso, culto e inteligente.
E nunca mais parou. Fez das palavras a sua pauta , a sua voz , a sua arte , a eterna e sempre reinventada sinfonia que faz dele um autor celebrado.
" Mas vou pensando,
por outro lado, para que a aventura possa recomeçar, que as palavras por fim
encontradas não vão ser afinal aquelas, exactas , que eu procurava. O melhor da
claridade conquistada é a certeza da treva
que se lhe segue e vai ser preciso percorrer de novo – até à nova
claridade que pedirá nova escuridão. Assim se põe, perpetuamente, o motor em movimento.”, continua Eugénio Lisboa, em A matéria intensa. E assim construiu uma obra monumental e diversificada.
Detentor de uma oficina poética extraordinária, tem publicados três livros de
poesia. Sagaz e renitentemente actuante, não permite a indefinição perante as
tragédias ou acontecimentos que transformam o mundo. Durante a pandemia, foi o grito poético desse retiro forçado do
mundo, dando forma a um belíssimo conjunto de poemas, condensado no livro “Poemas
em tempo de peste”.
Neste ano de 2022, perante a brutal e trágica invasão da Ucrânia, teceu um arsenal magnífico de poemas que foi sendo publicado diariamente neste blog e terá compilação futura em livro.
De claridade em claridade, reformulou e continua a reformular um elevado número de obras literárias. Tem sido, essencialmente, um crítico e ensaísta literário, embora com três belos livros de Poesia publicados e uma magnífica e volumosa obra memorialística e diarística.
Eugénio Lisboa afirmou, há alguns anos, numa entrevista, que tem praticado a crítica como um exercício criativo a partir da memória. Que faz uma busca contínua do saber quando aborda um livro. Não é apenas o conhecimento dessa obra, é a memória de tudo o que o autor da obra escreveu e de tudo o que com ela se relaciona. Confessa o crítico Eugénio Lisboa que é seduzido pela música fascinante dos sinos da memória. É ela que prende a sua atenção.
Uma definição exacta da capacidade intelectual deste escritor que detém uma cultura inesgotável.
Entregou-se ao estudo dos outros escritores, preterindo a construção de uma outra obra própria ainda mais volumosa. Laborioso e consistente, não cessou de dedicar uma atenção profunda e meticulosa a uma série interminável de obras e aos seus autores.
Perdemos muitas obras de grande fôlego literário, embora tenhamos aprendido e adquirido, com fruição inesgotável, o imenso e imperdível conhecimento deste escritor maior.
Em 26.12.1993, no Boxing Day, em Londres, registou em entrada do seu Diário , Aperto Libro II, o seguinte: “O que me apetecia hoje era começar a escrever um romance. O pior é que não irei ter, nos meses próximos, aquela contínua disponibilidade que um romance exige. Mas que romance iria eu escrever? Francamente, bastava-me escrever um. Mas, nesse, poria lá tudo. Acho que um bom romance chega. Um só: é quanto basta. Até porque nos arriscamos, depois, a escrever sempre o mesmo.”.
Esse romance seria certamente um outro magnum opus no tão profícuo acervo literário deste singular escritor.
Eugénio Lisboa enriqueceu a Universidade, a Escola e todos nós, leitores, com obras notáveis que se tornam obrigatórias para um bom conhecimento da Literatura Universal. Estudar um escritor passa pela leitura da sua obra de inexcedível garantia científica e modelar profundidade.
Dizia Gustave Flaubert “O estilo está nas palavras e dentro delas. É igualmente a alma e a carne de uma obra.” Eugénio Lisboa sabe e pratica, com mestria, essa verdade. Tem uma escrita singular e sumptuosa que se revela em cada peça que nos apresenta.
Há escritores com quem os leitores fizeram um pacto invisível mas duradouro. Eugénio Lisboa tem uma longa lista que espera por cada novo livro com intensa curiosidade e prévio prazer. A fidelidade é uma regra tácita e irrevogável.
Faço parte integrante dessa lista. É com ufano e egoísta regozijo, que me afirmo leitora impune da sua obra e me confesso amante do seu requintado saber . Delicio-me, em festa antecipada, com as obras que virão e com o privilégio de (re)aceder ao vislumbre da claridade que só a fina escrita deste extraordinário intelectual produz.
Ao Eugénio Lisboa, figura maior do actual universo literário português, apresento as minhas felicitações e a minha sempre renovada gratidão.
Neste ano de 2022, perante a brutal e trágica invasão da Ucrânia, teceu um arsenal magnífico de poemas que foi sendo publicado diariamente neste blog e terá compilação futura em livro.
De claridade em claridade, reformulou e continua a reformular um elevado número de obras literárias. Tem sido, essencialmente, um crítico e ensaísta literário, embora com três belos livros de Poesia publicados e uma magnífica e volumosa obra memorialística e diarística.
Eugénio Lisboa afirmou, há alguns anos, numa entrevista, que tem praticado a crítica como um exercício criativo a partir da memória. Que faz uma busca contínua do saber quando aborda um livro. Não é apenas o conhecimento dessa obra, é a memória de tudo o que o autor da obra escreveu e de tudo o que com ela se relaciona. Confessa o crítico Eugénio Lisboa que é seduzido pela música fascinante dos sinos da memória. É ela que prende a sua atenção.
Uma definição exacta da capacidade intelectual deste escritor que detém uma cultura inesgotável.
Entregou-se ao estudo dos outros escritores, preterindo a construção de uma outra obra própria ainda mais volumosa. Laborioso e consistente, não cessou de dedicar uma atenção profunda e meticulosa a uma série interminável de obras e aos seus autores.
Perdemos muitas obras de grande fôlego literário, embora tenhamos aprendido e adquirido, com fruição inesgotável, o imenso e imperdível conhecimento deste escritor maior.
Em 26.12.1993, no Boxing Day, em Londres, registou em entrada do seu Diário , Aperto Libro II, o seguinte: “O que me apetecia hoje era começar a escrever um romance. O pior é que não irei ter, nos meses próximos, aquela contínua disponibilidade que um romance exige. Mas que romance iria eu escrever? Francamente, bastava-me escrever um. Mas, nesse, poria lá tudo. Acho que um bom romance chega. Um só: é quanto basta. Até porque nos arriscamos, depois, a escrever sempre o mesmo.”.
Esse romance seria certamente um outro magnum opus no tão profícuo acervo literário deste singular escritor.
Eugénio Lisboa enriqueceu a Universidade, a Escola e todos nós, leitores, com obras notáveis que se tornam obrigatórias para um bom conhecimento da Literatura Universal. Estudar um escritor passa pela leitura da sua obra de inexcedível garantia científica e modelar profundidade.
Dizia Gustave Flaubert “O estilo está nas palavras e dentro delas. É igualmente a alma e a carne de uma obra.” Eugénio Lisboa sabe e pratica, com mestria, essa verdade. Tem uma escrita singular e sumptuosa que se revela em cada peça que nos apresenta.
Há escritores com quem os leitores fizeram um pacto invisível mas duradouro. Eugénio Lisboa tem uma longa lista que espera por cada novo livro com intensa curiosidade e prévio prazer. A fidelidade é uma regra tácita e irrevogável.
Faço parte integrante dessa lista. É com ufano e egoísta regozijo, que me afirmo leitora impune da sua obra e me confesso amante do seu requintado saber . Delicio-me, em festa antecipada, com as obras que virão e com o privilégio de (re)aceder ao vislumbre da claridade que só a fina escrita deste extraordinário intelectual produz.
Ao Eugénio Lisboa, figura maior do actual universo literário português, apresento as minhas felicitações e a minha sempre renovada gratidão.
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