Saul Bellow justifica a sua saída da Universidade de Chicago, ao fim de três décadas, aos 78 anos, para aceitar o convite do reitor da Universidade de Boston com os seguintes argumentos: " Dei a Chicago os melhores anos da minha vida, como se diz nos tribunais de família(...) Quando as pessoas me perguntavam por que razão me ia embora, respondia: porque já não posso descer a rua sem pensar nos meus Mortos, e tinha chegado a hora. Aqui tinha uma namorada ou ali fui a uma festa ou acolá participei numa reunião e por aí fora. A maioria das pessoas que conhecera e amara tanto tinha morrido."
Sobre o registo da sua autobiografia , Bellow explicava que a não tinha escrito porque não tinha nada para contar , a não ser que estivera sempre insuportavelmente ocupado desde que fora circundado: ocupado a escrever romances, contos e alguns ensaios; a namorar, a casar, a ser pai, a divorciar-se, a fazer amigos e inimigos, a sofrer; a acompanhar os grandes acontecimentos históricos e os pequenos acontecimentos da vida literária ; a praticar o prodigioso hábito da leitura e a dedicar-se ao ensino para lá dos oitenta anos. E não menos ocupado a escrever cartas."
Saul Bellow, in Cartas e Recordações, Quetzal Editores, Março de 2018
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