A FOLHA DE PAPEL E A TINTA
"Uma folha de papel que estava em cima de uma escrivaninha juntamente com outras iguais a ela , um belo dia apareceu toda manchada de sinais. Uma pena, molhada numa tinta muito negra, escrevera na folha de papel uma quantidade enorme de palavras.
- Não podias ter-me poupado esta humilhação? - Disse aborrecida, a folha de papel à tinta - Sujaste-me toda, estragaste-me para sempre.
- Espera - respondeu a tinta - Eu não te sujei, eu cobri-te de palavras. A partir de agora já não és uma folha de papel. És uma mensagem. Porque guardas o pensamento humano tornaste-te um instrumento precioso.
De facto, pouco depois alguém veio arrumar a escrivaninha e vendo aquelas folhas espalhadas juntou-as e preparou-se para as atirar ao lume. Mas logo reparou na folha "suja" de tinta e , então, separou-a das outras e pôs no seu lugar, bem visível, a mensagem da palavra."
Leonardo da Vinci, in " Fábulas", Editora Prefácio, p.11
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