Por Hermana Cruz - JN,17.11.2015
"Foi o "maior
desastre ambiental" da história do Brasil. Aconteceu há 12 dias mas os
seus efeitos vão-se sentir durante décadas. Alguns são considerados
irreversíveis. O rompimento de duas barragens, em Mariana, no Brasil, causou
sete mortos, 631 desalojados e 22 pessoas ainda estão dadas como desaparecidas.
O Brasil demorou a ter noção da dimensão dos estragos causados pelo rebentamento de duas barragens, no passado dia 5 de Novembro, no estado de Minas Gerais. Cerca de 62 milhões de metros cúbicos de lama foram despejados pelas barragens de Fundão e Santarém, situadas entre Mariana e Ouro Preto, causando uma onda de lama que chegou a ter 2,5 metros de altura.
Doze dias depois do desastre, que causou sete mortos, 22 desaparecidos e 631 desalojadas, percebe-se que há danos ambientais a mais de 500 quilómetros do local do rompimento das barragens, da empresa Samarco. Uma comunidade rural de 600 habitantes, Bento Rodrigues, foi soterrada por uma enxurrada de lama com um volume equivalente a 25 mil piscinas. E a quinta maior bacia hidrográfica do Brasil já foi declarada oficialmente morta por ambientalistas e biólogos.
"É de uma magnitude imensurável. Há várias situações. A extensão dos danos é tal que estamos com lama, a chegar à foz do Rio Doce, no Estado de Espírito Santo, a mais de 500 quilómetros do local do rompimento das barragens", revela Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projecto Manuelzão. Trata-se de um projecto ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais, que monitora a actividade económica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas e trabalha com a revitalização dos principais rios mineiros.
Na manhã de domingo, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, visitou o Estado de Minas Gerais com uma equipa do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ficou chocada com o que viu. É que, o mar de lama matou quase tudo por onde passou: árvores, peixes ou qualquer tipo de vida ao longo do rio Doce. Para Dilma, trata-se do "maior desastre ambiental" da história do Brasil.
"As empresas têm de ser responsabilizadas por várias coisas. Primeiro, pelo atendimento emergencial da população. Segundo, por buscas de soluções mais estáveis, mais perenes. E, terceiro, pela reconstrução", considerou Dilma Rousseff, anunciando a aplicação de uma multa à Samarco (que pertence à companhia Vale e à empresa australiana BHP) no valor de 250 milhões de reais (60,8 milhões de euros).
Já o Ibama anunciou três medidas que serão executadas pela Samarco. Serão colocados filtros nas barragens que se romperam para evitar que mais lama chegue ao rio Doce. Serão lançados materiais de origem vegetal, chamados de floculantes, próximo à barragem de Aimorés, o que fará com que a lama vá para o fundo do rio, de modo a permitir que só a água siga o caminho. Por último, no litoral de Espírito Santo serão instalados 20 quilómetros de barreiras flutuantes para evitar que a lama chegue a áreas de protecção ambiental." JN
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