Por António Barreto
“Mais do que a inteligência, luminosa
e meticulosa, mais do que a cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o
carácter, íntegro e inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua
liberdade.Vi-o em 1962, em Lisboa e em Coimbra, na agitação do movimento
estudantil. Conheci-o em 1968, no exílio. Encontrámo-nos depois em Paris,
Genebra, Roma, Argel e Lisboa. Fundámos a “Polémica” com o Medeiros Ferreira, o
Carlos Almeida e o Eurico Figueiredo. Trabalhámos no mesmo Instituto durante
mais de trinta anos. Colaborámos intimamente em diversos projectos.
Afastámo-nos e aproximámo-nos várias vezes. Sempre com a certeza da amizade.
A sua monumental obra sobre a evolução
do sistema corporativo português (“O Salazarismo” e “O Marcelismo”)
é um dos expoentes maiores das ciências sociais portuguesas. O mesmo se pode
dizer das suas reflexões sobre o sistema político do Estado Novo, que,
singularmente, classificava de “fascismo sem movimento”.
Mais do que a inteligência, luminosa e
meticulosa, mais do que a cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o
carácter, íntegro e inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua
liberdade. Foi o homem mais livre que conheci. Porque começava por ser livre no
pensamento. Nunca recusou, por preconceito ou fé, olhar para um facto ou
analisar uma ideia. Nunca classificou antes de compreender.
Era conservador e revolucionário.
Tinha, da família, da religião, dos costumes e da moral crenças e convicções
muito próprias que as tribos habituais tinham dificuldade em reconhecer como
suas. Gostava de Portugal e de Angola, custava-lhe ver um sem outra, mas
desertou do exército colonial e recusou fazer a guerra, porque nenhum, Portugal
e Angola, merecia tal.
Era o terror dos editores, dos
directores de jornais e dos chefes de redacção: nunca respeitou prazos nem
dimensões. Mas o que escrevia acabava sempre por o reabilitar e fazer esquecer
a indisciplina.
Foi um verdadeiro marginal. Podia ter
ganhado dinheiro, nunca o fez. Podia ter exercido cargos políticos, nunca
aceitou. Podia ter acedido a posições importantes, nunca o quis.
Conseguia fazer o mais difícil: poder
e saber dizer não e sim.” António Barreto em Artigo publicado no Jornal
Observador
A l'âge de 79 ans.
Professeur et écrivain issu d'une famille afrikaner, André Brink vient de
s'éteindre à l'âge de 79 ans. Engagé contre l'apartheid, et reconnu
internationalement pour son roman Une saison blanche et sèche (A Dry
White Season), cet auteur avait obtenu, grâce à cette œuvre, le Prix
Médicis étranger en 1980.
L'ouvrage, interdit de publication en Afrique du Sud, fut d'abord diffusé à
Londres avant d'être traduit dans de nombreuses langues. Longtemps professeur
d'anglais à l'Université du Cap, André Brink a été rattrapé par la mort dans
l'avion qui le ramenait le 6 février dernier de son voyage en Belgique, où il
avait été nommé docteur honoris causa de l'Université catholique de Louvain.
S'il commença ses études à l'université de Potchefstroom en Afrique du Sud,
où il obtint une licence, deux maîtrises (d'afrikaans et d'anglais), il partit
ensuite en France, poursuivre un cursus en littérature comparée à la Sorbonne.
En 2014, il avait signé Philida, publié en France par Actes Sud (voir
notre critique).
A travers ce roman, l'écrivain revient sur un de ses sujets de
prédilection : l'esclavage. Il met en scène le destin de Philida, femme
noire dont la vie se déroule lors de l'abolition de l'esclavage.
Pour approfondir
Rédacteur en chef de Savoirs et Connaissances. Invité de luxe sur
ActuaLitté.
Décès d'une romancière
de conviction
Membre de l'Académie française, où elle fut élue
en 2005, Assia Djebar, romancière d'origine algérienne est décédée à l'âge de
78 ans. Elle publia son premier ouvrage, La Soif, en 1957, et son œuvre
est aujourd'hui traduite dans une grande partie du monde. Docteur honoris causa
de plusieurs universités, elle était également membre de l'Académie royale de
Belgique.
Elle aurait mérité à de nombreuses reprises le prix Nobel de littérature,
et quand Alice Munro le remporta en 2013, certains évoquaient une œuvre à qui
il manquait une dimension plus universelle. Mais c'est probablement aussi parce
que l'Algérie n'avait pas assez fait pour promouvoir cette romancière
Née le 30 juin 1936 dans la ville de Cherchell, Fatma-Zohra Imalhayène, qui
deviendra Assia Djebar, compta parmi les élèves de l'ENS de Sèvres et étudia
l'histoire de son pays, jusqu'à la passion. Sa vie se déroula entre Paris et
Alger, où elle retourna en 1974 pour enseigner les études francophones. C'est
également à cette époque qu'elle choisit de s'intéresser au cinéma pour
réaliser un long-métrage : La Nouba des Femes du Mont Chenoua,
soutenu par une musique de Béla Bartok.
Mais l'accueil en Algérie fut controversé – alors qu'aujourd'hui, le
film est devenu un objet d'études universitaires. Romancière francophone et
cinéaste furent cependant deux casquettes trop complexes à porter, et en 1980,
Assia Djebar s'installa en banlieue parisienne, pour mener à bien ses
activités. Elle entamera une carrière politique sous l'impulsion de Pierre
Beregovoy, alors ministre des Affaires sociales, qui la nommera de 1983 à 1989
représentante de l'émigration algérienne, avec un siège au Conseil
d'administration du Fonds d'Action Sociale.
Ses publications reprirent alors chez Albin Michel et Actes Sud et en
1995, c'est l'aventure américaine, en tant que professeur titulaire qui
démarre, à la Louisiana State University, à Bâton rouge. Elle partira en 2011
pour New York, où elle sera nommée Silver Chair Professor, l'année
suivante.
Son dernier ouvrage, Nulle part dans la maison de mon père,
paru chez Actes Sud en février 2010.
Lorsque la famille s'installe à Alger, la mère se mue en citadine à
l'allure européenne et l'adolescente entame une correspondance secrète. Une
histoire d'amour s'esquisse. Dans Alger où la jeune fille ne cesse de circuler,
après ses cours au grand lycée, elle s'enivre d'espace et de poésie. Un an
avant une explosion qui secouera tout le pays, l'amorce de cette éducation
sentimentale va-t-elle tourner court ?
Directeur de la publication de ActuaLitté. Homme de la situation.
Filipe
Pires (1934-2015) Morreu compositor pioneiro da electroacústica.
Professor e
compositor tinha 80 anos. Foi uma referência da música portuguesa na segunda
metade do século XX
"O compositor Filipe Pires, um dos
pioneiros da música electroacústica em Portugal, morreu no domingo, oito de Fevereiro , no Hospital de
S. João, no Porto, aos 80 anos, confirmou à Lusa fonte da família. Nascido em
Junho de 1934, em Lisboa, Filipe Pires completou os cursos superiores de Piano
e de Composição no Conservatório Nacional, tendo continuado os estudos em
Hanôver e Salzburgo (1957-60), segundo a biografia do Centro de Investigação e
Informação da Música Portuguesa.
Visitou os cursos de Darmstadt
(1963-65), onde leccionavam compositores como Pierre Boulez e Stockhausen, e
foi, mais tarde, bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris, sob direcção de
Pierre Schaeff er,
criador da música concreta. De volta a Portugal, deu aulas nos conservatório do
Porto, Lisboa (aqui introduziu a disciplina de Electroacústica) e Braga, entre
outros, além de ter sido um dos fundadores da Escola Superior de Música, Artes
e Espectáculo (ESMAE) do Porto. “É um dos compositores portugueses mais
importantes do século XX, foi pioneiro da música electroacústica em Portugal”,
disse à Lusa a pianista Madalena Soveral, que interpretou várias das suas
composições. Também a Casa da Música lamentou a morte de Filipe Pires,
recordando que o compositor apresentou, em 2011, uma obra encomendada pela instituição,
Imagens Sonoras. Madalena Soveral sublinhou que Filipe Pires é um compositor
com “uma linguagem extremamente maleável e musical” e que integrou no seu
trabalho “quase todas as técnicas do século XX”. Por seu lado, a professora
Maria Teresa Macedo referiu que o compositor desenvolveu o seu talento “até se
tornar num dos maiores compositores portugueses”, ainda que a sua obra não
esteja divulgada. “O Porto deve-lhe muito e os compositores portugueses
devem-lhe muito e a música portuguesa deve-lhe muito”, declarou a professora. O
funeral do compositor realizou-se na Igreja da Areosa,
no Porto, para o cemitério de Penafiel. "Lusa
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