O Poeta Manuel António Pina ficou "perplexo" com o Prémio Camões.
"Estamos condenados a ser originais",afirma o poeta, autor de livros para crianças e colunista.
Manuel António Pina diz que não é um homem modesto, mas ficou perplexo e embaraço quando soube que tinha sido distinguido com o Prémio Camões, o mais importante galardão de língua portuguesa.
“É sempre um embaraço, porque uma pessoa nestas circunstâncias pergunta-se a si mesmo: merecerei isto? Terei feito batota, como diz o Nietzsche? Custa-me dizer isto, mas olho em volta e acho que há pessoas que, provavelmente, mereciam muito mais do que eu”, disse o escritor português, em declarações à Renascença.
O júri do Prémio Camões justificou a escolha com "inventividade e originalidade". Manuel António Pina diz que gostava de ser “menos inventivo e mais criativo”, porque a “criação é uma espécie da nossa proximidade com Deus”, enquanto a invenção “é arrumar os elementos que temos de uma maneira diferente”.
“Escrevemos com a nossa memória, com o nosso corpo, os nossos sentimentos, emoções, amores e desamores, às vezes até com a nossa disposição de cada momento e isso é algo único e irrepetível. Estamos condenados a ser originais, a não ser que copiemos de outros, que é uma coisa a que também estamos um bocado condenados, a copiar, porque a sensação que qualquer escritor hoje tem é que já está tudo escrito”,refere o poeta, autor de livros para crianças e colunista do “Jornal de Notícias”.
Questionado se o Prémio Camões representa mais responsabilidade, Manuel António Pina responde que não e, em jeito de brincadeira, diz que é “completamente irresponsável”.
O escritor, de 67 anos, dedica o mais importante galardão de língua portuguesa, à família e aos amigos, “o último castelo que nós temos onde nos podemos refugiar”, diz.
Nos próximos dias vai ser publicada uma antologia da poesia de Manuel António Pina, por ocasião da Feira do Livro de Lisboa, e até ao final do ano deverá ser publicado um novo livro.RR
A escritora Maria Velho da Costa, Prémio Camões em 2002, considerou que este ano o maior galardão da literatura em língua portuguesa "foi parar a boas mãos", ao ser atribuído a Manuel António Pina.
"Acho que era tempo de ir para um poeta", vincou, sublinhando, porém, que não é a primeira vez que tal acontece. "Os prémios são sempre aleatórios, sempre discutíveis", realçou a escritora, recordando que ficou "estarrecida" por ter recebido o Prémio Camões antes de Agustina Bessa-Luís (2004).
"Muito satisfeita" com a notícia da atribuição do prémio deste ano, da qual ficou a saber através da agência Lusa, Maria Velho da Costa disse ter "admiração" por Manuel António Pina, "uma pessoa encontadora", tendo já lido obras dele, embora não opte pela poesia "sistematicamente".
O escritor Manuel António Pina, de 67 anos, poeta e autor de livros para crianças, é, desde hoje, o 23.º Prémio Camões e o décimo português a recebê-lo (não contando com Luandino Vieira, escritor angolano nascido em Portugal, que o rejeitou em 2006).
Criado em 1989 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa, o Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi atribuído a Manuel António Pina por unanimidade.
Integraram o júri desta 23.ª edição Rosa Maria Martelo (professora da Universidade do Porto), Abel Barros Baptista (professor da Universidade Nova de Lisboa), por Portugal, a escritora Edla Van Steen e o professor António Carlos Secchin, pelo Brasil e, em representação dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), a professora Inocência Mata e a escritora Ana Paula Tavares.
Nascido no Sabugal, Guarda, em 1943 e licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Manuel António Pina foi, durante muitos anos, jornalista, sendo actualmente tradutor, professor e cronista (escreve diariamente no Jornal de Notícias).
Estreou-se primeiro na literatura para crianças, em 1973, com "O País das Pessoas de Pernas para o Ar" (agora reeditado pela editora Tcharan) e no ano seguinte como poeta, com o livro "Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas um Pouco Tarde", e nesses dois géneros tem muitos títulos publicados, ao contrário da ficção para adultos, género em que publicou apenas um, a novela "Os Papéis de K." (Assírio & Alvim, 2003).
A sua obra poética está traduzida em vários países e venceu os prémios da Fundação Luís Miguel Nava (2004) e da Associação Portuguesa de Escritores (2005) com o seu volume de poesia "Os Livros", editado pela Assírio em 2003.(In imprensa diária)
O psicólogo norte-americano Howard Gardner é o vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais, uma das oito categorias anualmente distinguidas pela Fundação do mesmo nome. O júri do prémio seleccionou-o entre os 31 nomeados em liça, entre eles o português Eduardo Lourenço.
Considerado o“pai” das inteligências múltiplas, Howard Gardner, nascido em 1943, é professor de Cognição e Educação, em Harvard, e de Neurologia, em Boston.
Gardner defende que não existe uma inteligência única. No livro ‘Estruturas da Mente’,editado em 1983, propôs sete dimensões da inteligência:
- visual / espacial
- musical
- verbal
-lógico-matemática
-interpessoal
-intrapessoal
e
- corporal / cinestética.
Sete dimensões às quais acrescentou, posteriormente, duas mais:
- naturalista
e
-existencialista.
Esta nova visão da inteligência humana pressupõe uma alteração significativa nos modelos educativos.
O prémio – um cheque de 50 mil euros e uma estatueta concebida por Juan Miró – será atribuído numa cerimónia solene, no próximo Outono.2011 euronews
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