A escrita de Miguel Torga acompanhar-me-á enquanto viver. A sua produção literária é de uma riqueza tão grande que nunca cessa de nos espantar, surgindo excelentemente actual e fascinante. Quer seja em prosa, quer seja em verso, Miguel Torga deixou-nos um legado que jamais nos deixará de surpreender.
Hoje, reabrindo um dos volumes do seu Diário, deparei-me com o que ele escreveu em 18 de Março de 1952, ou seja, há 59 anos. As palavras, as frases conjugavam-se num postulado que mais parecia ter sido escrito neste mesmo dia de 2011. E se Miguel Torga assim o escreveu, não há dúvida de que a História se repete.
Atente-se, pois, no que ele registou em " Coimbra, 18 de Março de 1952 - A erosão do tempo! Durar é , na verdade, a única arma certeira do político. Quem é que poderá resistir ao desgaste duma realidade inexorável, que insiste, persiste, se prolonga e não dá esperanças de demissão? Quase ninguém. Olha -se, e é como um cemitério. Para os rarissimos heróis resta apenas uma saída: durar também. Opor uma força activa de obstinação à persistente longevidade opressora. E acabará por vencer o que tiver mais fôlego."
Sem comentários:
Enviar um comentário