Os homens admiram e perdem-se muitas vezes maravilhados por imagens da natureza que se gravam na retina da palavra e emergem em textos ricos de sons , cheiros , cores, fecundados por poetas e prosadores. É desse fecundo encantamento que se vai alimentando a nossa paixão pelos livros construidos por palavras alinhadas em formas e tensões variadas . Se nuns a calma dos rios sobressai, noutros é a força da tempestade do mar em luta interior ou esvaziando-se desmedidamemte na costa que o margina , ou/e ainda em alguns, a tormenta do trovão continuada na magnitude disforme do relâmpago como que definindo as fronteiras entre o humano e a força do que o transcende: a natureza.
E é essa natureza que fascina e amedronta que, neste início de 2010, tem marcado a nossa existência. Jamais em tão pouco tempo nos vimos assolados por tanta devastação. As intempéries sucedem-se e desde o Haiti à Madeira , ao Chile, à Europa, à Austrália, as marcas de mais fortes a arrasadoras vão ficando e deixando à vista uma população sofrida e vulnerabilizada. Muitos pereceram , ficando sob os destroços de uma vida de trabalho ou talvez com o sonho de a construir num futuro desejado. A dor tem chegado veloz e vorazmente num ápice que violenta e magoa qualquer um.
A brutalidade desta natureza em acção destruidora e incontrolável vem relembrar e reforçar quão grande e inevitável é a fragilidade humana no diálogo temporal com a natureza e a finitude da sua existência no mundo.
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