Charlotte
Beradt. O sonho que se cumpre entoando a morte
por
João Vasco Rodrigues
"Após
a chegada de Hitler ao poder, em 1933, Beradt era então uma jovem de vinte e
poucos anos quando decidiu iniciar uma invulgar recolha de testemunhos,
mapeando mais de trezentos sonhos que lhe foram ditados por cidadãos alemães,
expondo os efeitos subterrâneos da difusão da ideologia e do terror nazis.
Durante
o período nazi, os homens não deixaram de sonhar. Ao longo dessas noites
secretas de uma intimidade ameaçada, gritavam impiedosamente o terror dos
maiores pesadelos. Sabemos hoje que esses sonhos nunca pouparam os seus homens,
que eles ainda pesam, tolhidos como chumbo, do outro lado da cama. Não nos
livrámos do passado, não eram apenas as histórias terríveis das vítimas de um
outro tempo. Estendemos a mão até lhes roçarmos o corpo, sentimos como ainda
estão mornos os vestígios: as vozes trepidam roucas aos nossos ouvidos, os
rostos, apagados pela história, servem agora qualquer tempo, invadem o sono dos
últimos quartos acesos, libertando a vertigem de que talvez um dia nos
antecipem a vez de sermos os próximos.
‹‹Acordei
banhada em suor, os dentes apertados. Uma vez mais, como em inúmeras noites
anteriores, fugira desesperadamente, fora alvejada, torturada, escalpelada.
Porém, naquela noite, ocorreu-me que, entre tantos milhares e milhares,
possivelmente não era eu a única condenada pela ditadura a ter tais sonhos. O
que acontecia nos meus sonhos acontecia nos deles também: fugas ofegantes pelos
campos, refugiar-se em torres de altura vertiginosa, acoitar-se em valas,
sempre com a SA no encalço.››
Foi
a vez de Charlotte Beradt (1907-1986), jornalista e ensaísta alemã de origem
judaica, ficar para trás. Aos vinte e poucos anos, escondia uma coleção
invulgar de mais de trezentos sonhos ditados pela ditadura nazi, perpetuando a
denúncia mais profunda e evidente desse regime totalitário. ‹‹Deixei de parte
todos os sonhos de violência física, medo visceral, mesmo os mais extremos, (…)
a novidade destes sonhos residia sobretudo na sua quantidade››. Se Pirandello
nos sugere que ‹‹a história foi feita para ser contada e não para provar››,
Beradt confirma-nos que essa mesma prova reside com maior precisão, não nas
descrições nuas da tortura exercida pelo fascismo, mas na maneira como esta
dominava massivamente os estímulos psicológicos, imaginários, involuntários e
inconscientes de cada indivíduo, de cada murmúrio clandestino arriscadamente
confidenciado. Os sonhos surgiam, assim, emprestados pelo medo à aparição de um
fundo de mundo concreto, isto é, comprovando a apropriação nazista dos meios de
identificação de cada vítima, transformando cada imaginário particular em
propriedade da autoridade fascista, adivinhando, por vezes, um futuro não menos
medonho do que as experiências conhecidas. Lemo-los, atravessando a dor
esquizofrénica de quem se viu obrigado a engolir os papéis onde registava esse
sofrimento geral, contornando à pressa a hora da revista.
‹‹Alguns
amigos que conheciam o meu plano ajudaram-me, fazendo entrevistas e tomando
apontamentos; o meu colaborador mais importante foi um médico com acesso a um
amplo círculo de pacientes que podia ir interrogando de maneira discreta. (…)
Nos processos de anotação ou transcrição, tentei mascarar os sonhos que me eram
transmitidos – de forma oral ou escrita – da melhor maneira possível. Por
exemplo, chamando família ao Partido; tio Hans, Gustav, Gerhard a Hitler,
Göring, Goebbels; gripe à prisão. No início, mantive estas peculiares histórias
familiares escondidas numa biblioteca bastante grande, na lombada de alguns
livros – sem alguma esperança de que esta ridícula camuflagem me valesse de
algo em caso de emergência, mas também o que é que me valeria em caso de
emergência? Mais tarde, enviei-as por correio para diferentes moradas em
diferentes países, onde esperaram por mim até que eu própria tivesse de sair
para o estrangeiro››. A resistência em permanecer do lado de dentro, suportando
uma ‹‹vida sem paredes››, provocou o desenvolvimento de uma notação encriptada,
em que a criação de códigos alternativos de linguagem, catalogação, mapeamento
e distribuição possibilitava que estes fragmentos se garantissem e que pudessem
ser compilados, primeiramente, numa peça radiofónica, sob o título “Sonhos de
Terror”, e, mais tarde, publicados num volume intitulado “O Terceiro Reich do
Sonho” (1966), que agora nos chega com a tradução de Mário Gomes e edição de
Vasco Santos
Em
1940, pouco após estas recolhas e um ano depois de Charlotte Beradt se ter
exilado com o marido nos Estados Unidos, onde passou a gerir um salão no seu
apartamento para cuidar e pintar o cabelo das outras mulheres exiladas, Anna
Akhmatova expressava nos seus versos a mesma intuição face ao terror da
ditadura estalinista: ‹‹Eu porém aviso-os / Que vivo pela última vez. / (…) /
Virei perturbar as pessoas / E os sonhos alheios visitar / Com um gemido
insaciado››. Trata-se do mesmo grito, do mesmo aperto, do mesmo sonho, o que
comprova, mais uma vez, que não falamos de um episódio datado, isolado e
ultrapassado, mas sim de um aviso aos próximos, lançando uma escrita urgente
que renega qualquer motivação privada. Assomamos aos versos de Akhmatova, o
risco de propor uma sentença, que encaramos como um comentário lateral após os
sublinharmos:
Não
sei por quantas horas nos veremos, por isso escrevo:
entre o poder de entoar a morte
e a dúvida sobre quem toca por último o morto.
Os
relatos inauguram-se com uma espécie de sonho-modelo do proprietário de uma
fábrica, no terceiro dia após a tomada de poder de Hitler. Perante a aparição
de Goebbles e a ordem para os operários saudarem o líder do partido nazista,
este demora meia hora a erguer o braço. Os membros revelam uma fricção morosa,
o atrito entre a defesa íntegra da resistência – a recusa em compactuar
com o gesto imposto que o atraiçoa – e a prossecução inevitável da saudação,
resultando num movimento tenso, involuntário, que contraria o domínio físico e
consciente do corpo. Mais tarde, quando Goebbles lhe diz que a saudação não é
bem vinda, o proprietário permanece paralisado, de braço levantado, e vê-se
incapaz de reverter o seu sentido, mergulhando na desonra pública e privada em
frente dos restantes funcionários, o que, por fim, o dilacera ao ponto de o
acordar. Esta primeira testemunha, tal como todas as outras, teria
aparentemente a hipótese de, pelo menos durante o sonho, manifestar alguma
revolta ou indignação insurgente de modo a controlar a sequência da ação de um
modo mais proveitoso. Mas Beradt diz-nos que dadas as atrocidades e os horrores
sofridos à época, a ausência de atos vingativos é praticamente absoluta, à
exceção de um caso que efetivamente sonha que afoga Hitler no mar entre a
Inglaterra e a Alemanha. As restantes centenas de sonhos não deixaram dúvidas
quanto ao facto de se ter instaurado um assombro geral, um processo contínuo e
deliberado de alienação que converteu as vítimas do regime a um estado exterior
e irracional absoluto, segundo o qual, lentamente, penosamente, os indivíduos
se iam alinhando. ‹‹Tinha-se de viver sob esta condição, vivia-se por hábito
transformado em instinto, na suposição de que cada som que se emitia era
observado, cada movimento controlado››, escreve George Orwell numa das
epígrafes do quarto capítulo. Em caso algum surge o cálculo ou a conspiração a
favor da oportunidade enviesada de uma ficção que permitisse uma qualquer
represália. Pelo contrário, elevam-se inúmeros casos em que os indivíduos
sonham recorrentemente com a possibilidade da escuta, da manipulação, da
vigilância, e ‹‹na incerteza de não se saber até onde iriam as possibilidades
dessa vigilância››, desistem, sopesando a pulsão de uma enorme suspeição de si
mesmos.
‹‹Um vendedor de legumes sonha (…) com uma almofada que, por precaução, coloca
sobre o telefone sempre que a família se junta para conversar no serão. O
aconchego torna-se em horror: a almofada bordada em ponto-cruz pela mãe dele –
uma recordação sentimental que repousa no cadeirão, o seu trono doméstico –
começa a falar e a testemunhar contra ele››. Ao mesmo tempo, uma bibliógrafa
sonha que quer visitar uma conhecida, mas quando se dirige a um telefone
público para procurar a morada, automaticamente se desvia sobre um outro nome,
procurando esconder a identidade real da conhecida, gesto esse, impetuoso e
involuntário, que comprova a obsessão e o pressentimento de que alguém a
observa. Um outro jovem apercebe-se que desistiu de sonhar – ou os sonhos desistiram
de si enquanto prolongamento da tortura nazista – no momento em que estes se
reduzem a ‹‹rectângulos, triângulos, octógonos (…) porque afinal de contas é
proibido sonhar››. Uma modista sonha numa língua confusa que aparenta ser o
russo, embora a desconheça inteiramente, ‹‹para que [ela] própria não [se]
entenda caso venha a dizer algo sobre o Estado››. Temos, assim, o sonho fixado
num tempo violento que o precede, ‹‹um futuro anterior em que a morte é
aposta›› (Roland Barthes) com a pretensão de conservar a vida, mesmo ferindo
por todos os cantos. Percebemos que qualquer movimento levanta um ruído,
arrasta um esquema pesado, ‹‹o venenoso caldo da perseguição e da diferença››
(George Steiner) concebido estrategicamente pelo inimigo. Observamos, com
horror, os comportamentos desumanos e castradores por parte das vítimas que
comprovam que o Terceiro Reich ‹‹soube tirar partido do medo instalado nas
pessoas que começaram a aterrorizar-se, por assim dizer, a elas próprias,
tornando-se em colaboradoras voluntárias do terrorismo sistemático atrás das
próprias costas, ao tomá-lo por mais sistemático do que era››, ao ponto de
revirarem a língua há muito retida na boca, renovando-lhe a pele e substituindo
os seus contornos por uma outra desconhecida.
Uma
mulher, ‹‹na noite de Ano Novo de 1933 para 1934, depois do ritual de verter
figuras de chumbo derretido em água, sonhou com impressões puras em vez de
situações, com palavras sem imagens, que anotou ainda na mesma noite:
“Esconder-me-ei no chumbo. A língua já é chumbo, cerrada em chumbo. O medo
passará quando toda eu for de chumbo. Jazerei imóvel, fuzilada a chumbo. Direi,
quando eles vierem: Os que são de chumbo não se podem levantar. Ai-ai, querem
atirar-me à água por estar tão cheia de chumbo…”››. Vemos a poesia de um idioma
proibido à boca como um guardanapo entalado na traqueia, o que nos leva a
resgatar as palavras de Benjamin Fondane, poeta morto na câmara de gás de
Auschwitz, um outro autor do catálogo de Vasco Santos e um de tantos que não passaram
pelas entrevistas de Charlotte Beradt: ‹‹Nós não falamos nenhuma língua, / não
somos de nenhum país, / a nossa terra é o que arfa / o nosso refúgio é o
balanço››
Não
deixam de ser curiosas as numerosas referências à agua enquanto elemento capaz
de propor um termo à vida: ‹‹querem atirar-me à água por estar tão cheia de
chumbo…››, ecoa ainda aos nossos ouvidos. Também em Ulisses, publicado nesse
mesmo ano de 1933, Fondane serve-se da abundância da água enquanto espelho do
seu rosto para reconhecer a inevitabilidade do delírio. Vê-se a si próprio e é
esse contacto ininterrupto com a água, onde ‹‹o olhar dormitava por não
esbarrar em nada››, que o motiva à escrita do mesmo. Lembra-nos as palavras de
Maria Filomena Molder, numa entrevista de 2014: ‹‹Por exemplo, estamos a
ver-nos num riacho transparente. Estamos a olhar, inclinamo-nos e vemos. Se
fazemos assim [recua], acaba essa relação com a água, ainda mais do que com o
espelho, porque a água está a fluir, está a correr. No espelho isto fica
petrificado. Mas também há um aspeto abissal no espelho, que na água do riacho
não existe. (…) A água é mais antiga que o espelho, claro, são talvez os
melhores para dar conta da dificuldade de conceptualizar uma imagem. Porque a
imagem é um ser que vive de uma relação. E quando essa relação se petrifica,
temos uma imagem redutora, ou uma imagem que aprisiona. Quando essa imagem é
fluida, dá origem a outras imagens, alarga o nosso campo de visão. Essa imagem
pode ser criativa ou, pelo menos, suscitadora de criação››.
Ao
contrário do livro de Fondane, Beradt navega sobre uma escrita coletiva, uma
antologia improvisada, em que não sobra tempo para podar um tema, para a
construção de um pensamento ao serviço de um livro, para uma imagem ficcionada
ou sequer um estilo. Apenas a urgência e a verdade se mostram capazes de
certificar a presença de uma nova ordem de provas e, como tal, a jornalista não
se supõe, mantendo-se clara e discreta em segundo plano. Cabe apenas no pálido
horror destas páginas diarísticas, o gesto em ordená-las. Em cada um dos onze
capítulos, encontramos um título, uma frase retirada do próprio capítulo, que
de algum modo aponta para uma proposta de leitura ou síntese dos sonhos, e uma
série de epígrafes que vão desde o livro de Job e o evangelho de Lucas, a T. S.
Eliot, Hannah Arendt, Franz Kafka, Bertold Brecht, Eugen Kogon, George Orwell,
Heinrich Heine e Goethe, aos nazistas Heinrich Himmler, Robert Ley e Hans
Frank. Com uma ‹‹vista aguçada›› e de punho manchado, Beradt vai cobrindo os
seus pesadelos com os resíduos dos outros, os fragmentos pesados de centenas de
sonhos alheios que analisa minuciosamente, e ‹‹fá-lo com intenção, moldando,
esclarecendo e turvando aquilo que descreve››, esboçando um horizonte onde,
grande parte das vezes, se torna possível encontrar o gatilho original que
deflagra as imagens manipuladas durante o sono.
Continuam
os sonhos. Um oftalmologista de 45 anos de idade, sonhou em 1934: ‹‹A SA começa
a instalar arame farpado nas janelas dos hospitais. Jurei para comigo que nunca
admitiria virem colocar o arame farpado deles no meu serviço, mas acabo por
deixar que as coisas aconteçam, torno-me uma caricatura do médico, quando eles
retiram os vidros e transformam o quarto de hospital num campo de concentração
com arame farpado – e ainda assim despedem-me. Mas logo me chamam de volta para
tratar o Hitler, porque sou o único no mundo capaz de o fazer: é tal a minha
vergonha pelo orgulho que sinto, que começo a chorar››. Por fim, um estudante
sonhou: ‹‹Desço as escadas às escondidas e apanho fragmentos do que alguém diz:
“Há uma sobrecarga elétrica na casa e isso resultou num incêndio nas escadas
que conduzem aos andares de cima.” Lanço um grito no meio da confusão: “Temos
de salvar os suspeitos!” As pessoas encolhem os ombros: “Porque é que os
suspeitos não hão de arder?››.
Mais
uma vez, os sonhos atuam como rótulas, instrumentos que sopram o interior da
máquina fascista. No primeiro, encontramos um médico que sonha ser o único
capaz de salvar Hitler e, mesmo ante a possibilidade de um contra-golpe
tiranicida, não deixa de sentir compaixão, piedade e até alguma comoção ao
ponderar a hipótese livre de o salvar. Entre o cérebro por trás do holocausto,
o centro desse labirinto interminável do genocídio em massa de milhões de seres
humanos, seus semelhantes, e o fundo ainda humanista daqueles que vão morrendo,
murchando e emigrando para outros prados sem pavio onde o roçagar do lume não
lhes chegue, os que insistem em renegar a diferença reconhecendo Hitler como um
dos seus, garantindo-lhe o direito à vida, cabe o abismo. Poderíamos defini-lo
com uma série de adjetivos e metáforas, mas poupamo-nos ante a imagem mais
justa. Este sonho lança-nos apenas a intuição de uma qualquer ordem superior
que se cumpre salvando, um milagre complexo que suspende a loucura para nos
adiantar que nem tudo se perdeu. É uma mensagem engarrafada, um aviso deixado à
deriva, preparando-nos a vez. Por outro lado, no segundo e último sonho, vem
acesa a hipótese das vítimas que anunciam a própria ruína, obedecendo às regras
impostas desse tempo, desistindo e caindo dentro da fogueira do termo nazi –
Luftmensch -, isto é, ‹‹criaturas do ar, sem raízes (pelo que deveriam ser
transformadas em cinzas)›› (George Steiner). A imagem viva e excessivamente
luminosa de uma coisa morta. O fogo, a cinza e a morte como extensão da vontade
genocida, desorientando o coro noturno dos homens. A dúvida sonhada: a
acumulação de sinais e vestígios deixados, viciosos e difusos, que dominam a
esfera mais privada e intemporal do ser humano, questionando continuamente em
qual das celas dorme a justiça, levando o jovem a hesitar se efetivamente
existiria uma resposta assim tão evidente que justificasse a razão pela qual os
judeus não haveriam de arder.
Hoje
os judeus, amanhã o risco de sermos nós.
Desta
coleção de sonhos clandestinos, Charlotte Beradt tornou-se no último comboio
disponível para compreendermos as atrocidades devastadoras de uma ditadura
fascista. Mas não se trata apenas de um testemunho antigo da ditadura, tanto a
quantidade de sonhos como a ‹‹combinação audaciosa de vozes›› e epígrafes
apontam para o vislumbre de uma qualquer salvação ante um tribunal que aguarda
os seus leitores. A partir do momento em que Hitler chegou ao poder, Beradt
tornou-se militante do Partido Comunista alemão. Traduziu e editou textos,
entre os quais os de Hannah Arendt e Rosa Luxemburgo. Servem-nos hoje de aviso,
pois ‹‹sem colaboradores, um regime totalitário não sobrevive››, vinca Barbara
Hahn no posfácio. E ‹‹o fedor permanece›› despercebido mas não assim tão
distante das nossas ruas. Bastar-nos-ia o tempo de uma fogueira, o livro de
sonhos, o silêncio coletivo para os ouvirmos. No fundo, ‹‹aprender a viver como
hóspedes na vida uns dos outros›› (George Steiner). Pois antes de os sabermos
por dentro, eram apenas uma ‹‹folha morta semelhante a qualquer folha morta››
(Benjamin Fondane), mas agora que, desfeitos, nos esgotámos à luz da sua força
original, e uma vez que quem a acendeu perdeu definitivamente o fôlego, façamos
com que esta possa recomeçar a cada nova saliva, ‹‹espumando, / e sustentando
ao alto um fruto›› (Paul Celan), convertendo-a na sede selvagem dos eucaliptos,
essa praga capaz de secar tudo á sua volta, crescendo, povoando as florestas e
embriagando as raízes.”
Charlotte Beradt |
Sobre o Autor
Charlotte Beradt nasceu em Forst, na Alemanha, em 1907, e faleceu em Nova Iorque em 1986. Foi jornalista, autora e editora de publicações com textos de Rosa Luxemburgo e Paul Levi.
Quando Hitler chegou ao poder, em 1933, Beradt iniciou em segredo uma audaciosa pesquisa: entrevistou cidadãos alemães para coligir os seus sonhos relacionados com as mudanças políticas no país e a difusão da ideologia e do terror nazis. Esse trabalho, que durou até 1939, só veio à luz em 1966, neste livro, em que os sonhos ajudam a «interpretar a estrutura de uma realidade em vias de se transformar em pesadelo».
Sobre o Livro
Título: O Terceiro Reich do Sonho
Autor: Charlotte Beradt
Ano de edição: 06-2024
Editor: VS. Editor
Idioma: Português
Dimensões:134 x 210 x 11 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 166
Preço: 16,20 €
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