Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o que deve fazer.
São Tomás de Aquino
Cada qual sabe amar a seu modo. O modo pouco importa. O essencial é que saiba amar.
Machado de Assis
Nasci em Agosto. Num dia que apenas sei de lembranças antigas , de histórias das minhas tias e, sobretudo, da alegria da minha mãe. O meu pai , isolado e assertivo, referia que me trocou as voltas porque resolvi nascer na véspera da maior festa da cidade. E como o fiz quase à meia-noite, decidiu registar-me nesse dia maior. Tive, assim, desde logo um patrono.
A silly season é o meu território . Agosto é nela o último e quase único mês. Um mês que celebra tudo menos a tal intelectualidade dos pedantes da Cultura. Um mês sem "ismos", a não ser aquele dos falsos snobismos. Talvez seja por isso, que me abri para o mundo de olhos abertos sem comando e preconceito. Apaixonei-me pela beleza da Natureza frente a um amanhecer radioso ou a um imponente pôr-do-sol; com delícia, naveguei nas ondas profundas de um mar agitado ; com requebro amoroso, banhei-me no rebento cadenciado das águas mornas de qualquer praia e continuo a estarrecer-me com a paz de um azul horizonte marinho. Nunca me interessei por saber , se louvar a magnificência da Natureza é um cliché, uma falta maior à criatividade intelectual. Nunca. Nem pretendo fazê-lo. Sou o que sou.
Mas não fico por aqui, sem falar ao que vim , neste domingo outonal. Sim outonal, embora nem saiba ainda se o chão está pejado dos milhares de folhas que sempre constituem uma das mais espantosas paletas naturais , que nem a mais perfeita mão humana é capaz de reproduzir. O que sei e quero realçar é a minha paixão pela música. Creio que , de domingo em domingo, a apresento com fervor. Talvez já tenha repetido palavras que sempre me ocorrem quando os sons se apresentam. Talvez o ecletismo que reveste essa apresentação seja um dos meus maiores tesouros. Amar a Música porque é apenas bela. E talvez nem sempre seja acolhida com igual encanto por quem a recebe. Mas o amor é sempre diverso. Ama-se porque nos enamoramos , nos encantamos porque o objecto desse amor é uma revelação constante. E quando nunca se extingue, o amor é para uma vida. É assim a Música para mim. Um incessante e virtuoso amor.
Que bela reflexão desta editoria, um requinte para a alma, seguida pela suave sonoridade do n. 2, de Rachmaninoff, um dos meus concertos preferidos. Obrigado do por estes saborosos acordes do meu melhor cardápio auditivo.
ResponderEliminarO comentário acima é de Manoel de Andrade, do Brasil.
ResponderEliminarMuito obrigada, poeta. Encanta-me ter apreciado.
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