Estamos em Abril. Mês de tantas palavras com ligação directa à LIBERDADE. Zeca Afonso recorda-nos que Portugal tem gente que sabe erguer a voz e fazer-se ouvir. A liberdade preencheu-lhe o sonho e a vida. Escutá-lo é também erguer Portugal.
Numa entrevista de 1981 declarou o seguinte:"Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão, é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.
Canto estas canções porque não sei cantar outras. Se as canções têm ou não interesse, isso pertence a quem escuta. Estamos num momento mitológico da canção. Qualquer dia oraganizam-se sindicatos de cantores e academias de baladeiros com pessoas muito sisudas, a escutar os mestes, muito sabedoras, a espremerem uma coisa que não tem nada para espremer.
Parto da música para o texto.(...) Semeio palavras na música. Não tenho pretensões de dar a estas minhas deambulações pela música qualquer outro rótulo. Faço apenas canções. A canção insere-se sempre dentro de um processo. A sua eficácia depende do processo em que se insere. A sua importância depende da vastidão desse processo.
Eu fiz uma canção (Grândola) que, vendo bem, já não me pertence. Agora é mesmo cantada em meios populares. Mas um cantante com as minhas características tem de fazer canções elaboradas a partir de elementos culturais que sejam da sua própria existência."
Entrevista a Viriato Teles, in «Mundo da Canção», Fev./Mar. de 81
Zeca Afonso em " Enquanto Há Força", Álbum de 1978
Enquanto Há Força
Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também
Levanta o braço
Faz dele uma barra
Que venha a brisa
Lavar-nos a cara
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também.
José Afonso
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