Maria Antonieta Lisboa (MA), mulher de Eugénio Lisboa,
desenho de Luis Polanah.
30.07.2017
S. Pedro
S. Pedro
"Faz hoje um ano que a MA nos deixou. Um ano : trezentos e sessenta e seis dias e nem num só deles esteve esquecida. Esteve sempre comigo, mais do que lembrada , presente. Presente , embora ausente. Nunca me resignei. Nunca aceitei . Nunca cedi. Tive-a comigo - sempre.
Em tempos, escrevi um soneto, que era apenas uma variação sobre um soneto de Camões. Relendo-o agora, dir-se-ia tê-lo escrito hoje , a pensar na MA. É portanto dela e para ela aqui o transcrevo, dedicado a ela:
Alma gentil e minha, assim partiste,
era cedo no dia e já poente.
Ficas onde ficaste, levemente
e a mim fica a saudade que persiste.
era cedo no dia e já poente.
Ficas onde ficaste, levemente
e a mim fica a saudade que persiste.
Se lá onde, descendo, tu subiste,
suspeita de memória se consente,
recorda o fogo, sem se ver, ardente,
que em olhos meus, impuros, puro viste.
suspeita de memória se consente,
recorda o fogo, sem se ver, ardente,
que em olhos meus, impuros, puro viste.
O céu, a terra, o vento sossegado
sabem dizer-me onde esmorece a vida:
que nocturno silêncio prolongado!
sabem dizer-me onde esmorece a vida:
que nocturno silêncio prolongado!
Roga ao deus que tão cedo te quis ida
que não faça na vida demorado
o não ter-te depois de ontem tida.
que não faça na vida demorado
o não ter-te depois de ontem tida.
Com este registo , nesta data aniversária muito triste, dou por terminado este epílogo consagrado à Maria Antonieta: escrito para conhecimento dos muitos amigos que teve em vida."
Eugénio Lisboa, in Acta est Fabula - Epílogo (2015-2017), Editora Opera Omnia, Novembro de 2017, pp 184, 185
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