segunda-feira, 24 de agosto de 2009

QUANDO É QUE O CATIVEIRO



Quando é que o cativeiro
Acabará em mim,
E, próprio dianteiro,
Avançarei enfim?


Quando é que me desato
Dos laços que me dei?
Quando serei um facto?
Quando é que me serei?

Quando, ao virar da esquina
De qualquer dia meu,
Me acharei alma digna
Da alma que Deus me deu?

Quando é que será quando?
Não sei. E até então
Viverei perguntando:
Perguntarei em vão.

Fernando Pessoa

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