" O escritor pode ser sempre uma consciência do seu tempo, em vários sentidos que reveste o termo "consciência", o que não pode nunca deixar de ser é uma grande consciência artística do seu e de todos os tempos. Os que se opõem a esta verdade de sempre andam por certo a pescar em águas turvas - e a promover a mediocridade que sempre teme e há-de continuar a temer a verdadeira arte. O verdadeiro escritor não deve temer dificuldades inerentes ao seu ofício. São elas , em última análise a sua salvação: « Um homem é um poeta», dizia Valéry, «se as dificuldades inerentes à sua arte lhe proporcionam ideias, e não é um poeta se elas o privam dessas ideias». A dificuldade , serve, em suma, para facilitar e não para dificultar - serve para facilitar o acesso aos outros, à emoção dos outros e à verdade dos outros. Ser artista é a melhor - talvez a única - forma de ser plural. "
Eugénio Lisboa, in A arte é arte porque não é natureza , de Portugaliae Monumenta Frivola, Universitária Editora, 2000, pp.109-110
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