o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca,
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…
Carlos Drummond de Andrade, O Amor bate na aorta
O mundo , essa grande e constante incógnita . Vê-se, assiste-se, tenta-se compreender mas, num ápice, tudo se modifica . No entanto, o poeta vai mais longe. Descortina o amor que viaja sem mapa e não ousa compreender aquilo mais que também vê. É essa a sabedoria da poesia. Assim o faz a música.
Ouçamo-la.
Mahler's 8th symphony Finale , pela Wiener Philharmoniker, sob a direcção do Maestro Welser-Möst e pelos coros :Chöre:Wiener Sängerknaben, Wiener Singverein e Wiener Singakademi.
Gustav Mahler: Symphony No. 2 , pela Rundfunkchor Berlin e Berliner Philharmoniker, sob a direcção do Maestro Simon Rattle. Gravado no Berlin Philharmonie, em 31 de Janeiro 2015.
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