Aqui , ao lado, mora um povo com história . História que, tal como a nossa, tem raízes profundas onde se entrelaçam portugueses e espanhóis ou não partilhássemos todos a vetusta Península Ibérica.
Há quem diga que o choro do "Cante Jondo" tem idêntico trinar no Fado. Que se descortina a alma de cada povo através desses cantares.
"O 'cante jondo' é um estilo dentro do flamenco, uma forma de expressão. De acordo com o dicionário da Real Academia Espanhola, o 'cante jondo' ou 'cante hondo' é o canto andaluz mais genuíno, de sentimento profundo. O termo 'jondo' não é mais do que a forma dialetal andaluza da palavra 'hondo', que é aquilo que tem profundidade. Federico García Lorca, (1870-1920), um dos poetas espanhóis mais representativos do século XX, reivindicou-o como o canto andaluz por excelência, um canto profundo, sincero, de tom grave e de grande intensidade. No flamenco, esse canto é o de maior emotividade. Segundo o poeta, é o canto mais escuro e misterioso onde a magia do duende se manifesta num momento imóvel e único. O cante jondo aproxima-se do ritmo dos pássaros e da música natural do álamo preto e das ondas; é simples em antiguidade e estilo. É também um raro exemplo de canção primitiva, a mais antiga de toda a Europa . Para Lorca, o duende é uma espécie de espírito mágico, passional e original que só pode ser sentido em momentos pontuais e que não tem nada a ver com a técnica, e sim com o sentimento. Como dizia Goëthe, é um poder misterioso que todos sentem e que nenhum filósofo explica."
Em 2010, a Unesco declarou o flamenco Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Nestes dias calamitosos da região de Valência (Espanha), vítima de uma pesada intempérie, acorrem-nos, em jeito de grande apreço e solidariedade, as vozes de excelentes cantores de flamenco.
Niña Pastori e Miguel Poveda, em Ya No Quiero Ser, do Álbum " Realmente Volando ", gravado em directo do Teatro Real de Madrid, em 2018.
Um dos maiores nomes do flamenco, Enrique Morente, (1942-2010), em La Alhambra lloraba.
Estrella Morente, filha de Enrique Morente, em La gazpacha - La repompa - La tía Concha.
India Martinez , em El Aire y El Baile.
Ángeles Toledano, uma das mais promissoras vozes da nova geração de flamenco, em Bulerías, (Música para mis oídos) .
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