quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Aqui , ao lado, mora um povo que canta

Fotografia de Emilio Beauchy, aproximadamente 1885.Sevilha, Espanha

Aqui , ao lado, mora um povo com história . História que, tal como a nossa, tem raízes profundas onde se entrelaçam portugueses e espanhóis ou não partilhássemos todos a vetusta Península Ibérica. 
Há quem diga que o choro do "Cante Jondo" tem  idêntico trinar  no Fado. Que se descortina  a alma de cada povo através desses cantares.  
"O 'cante jondo' é um estilo dentro do flamenco, uma forma de expressão. De acordo com o dicionário da Real Academia Espanhola, o 'cante jondo' ou 'cante hondo' é o canto andaluz mais genuíno, de sentimento profundo. O termo 'jondo' não é mais do que a forma dialetal andaluza da palavra 'hondo', que é aquilo que tem profundidade. Federico García Lorca, (1870-1920), um dos poetas espanhóis mais representativos do século XX, reivindicou-o como o canto andaluz por excelência, um canto profundo, sincero, de tom grave e de grande intensidade. No flamenco, esse canto é o de maior emotividade. Segundo o poeta, é o canto mais escuro e misterioso onde a magia do duende se manifesta  num momento imóvel e único. O cante jondo aproxima-se do ritmo dos pássaros e da música natural do álamo preto e das ondas; é simples em antiguidade e estilo. É também um raro exemplo de canção primitiva, a mais antiga de toda a Europa . Para Lorca, o duende é uma espécie de espírito mágico, passional e original que só pode ser sentido em momentos pontuais e que  não tem nada a ver com a técnica, e sim com o sentimento. Como dizia Goëthe, é um poder misterioso que todos sentem e que nenhum filósofo explica."
Em 2010, a Unesco declarou o flamenco Património Cultural Imaterial da Humanidade. 

Nestes dias calamitosos da região de Valência (Espanha), vítima de uma  pesada intempérie,  acorrem-nos, em jeito de grande apreço e solidariedade, as vozes de excelentes cantores de flamenco.
Niña Pastori e  Miguel Poveda, em   Ya No Quiero Ser,  do Álbum " Realmente Volando ", gravado em directo  do  Teatro Real de Madrid,  em 2018.
 
Um dos maiores nomes do flamenco, Enrique Morente, (1942-2010), em La Alhambra lloraba.
   
Estrella Morente, filha de Enrique Morente, em La gazpacha - La repompa - La tía Concha.
   
 India Martinez , em  El Aire y El Baile.
   
Ángeles Toledano,  uma das mais promissoras vozes da nova geração  de flamenco, em  Bulerías, (Música para mis oídos) .
 

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