"A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento" Platão
sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Maré
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
A maravilha da vida e o horror da vida
Ó minha Ilha de Moçambique
Perfume solto no oceano
Como se fosse em pleno ar
brincam
No meio da rua como peregrinos
Dum mundo mais aberto e cristalino
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Desafios da filosofia no século XXI
terça-feira, 28 de outubro de 2025
Viajar pela Polónia
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
A Laguna
por Joseph Conrad
domingo, 26 de outubro de 2025
Ao Domingo Há Música
Canto porque as palavraspassaram cegas à esperada luz da minha cançãoAlberto de Lacerda, Merenda I
Para que a luz dê voz às palavras , o apontamento musical deste domingo recorda grandes nomes que ficaram gravados no repertório mundial da Música , do Canto...da Arte.
sábado, 25 de outubro de 2025
Eugénio Lisboa e a «sinceridade» linguística
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Há 96 anos 5ª feira Negra – Grande Depressão – EUA



quinta-feira, 23 de outubro de 2025
A Música que lava a alma.
Corre-se o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.Antoine de Saint Exupery, Le petit Prince
Cativemo-nos, pois, com esta belíssima selecção de Adagios. Chorar lava a alma e fortalece o corpo. E quanto precisamos.
Violinos com bárbaros à porta
Quando uma orquestra toca Mozart,
enquanto o Titanic se afunda,
dá um grande exemplo da bela arte,
que dentro de nós se tornou fecunda.
Mas quando, distraídos, percutimos,
com os bárbaros mesmo já à porta,
os sons de um violino que fruímos,
somos o que o bom senso não suporta.
Ignorar fogo ou vento que nos mata,
brincando com soldadinhos de chumbo
ou comendo pastelinhos de nata,
é como enfrentarmos enorme Jumbo,
tentando matá-lo com alfinete,
enquanto fruímos um bom banquete!
10.09.2023
Eugénio Lisboa , em soneto inédito
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Morreu Francisco Pinto Balsemão
terça-feira, 21 de outubro de 2025
Contrariedades
CONTRARIEDADES
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, toma-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A critica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras excepções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Cesário Verde, in O livro de Cesário Verde, Assírio & Alvim, 2009









