terça-feira, 18 de outubro de 2022

O MEDO QUE GUARDA A VINHA


No comércio humano, nada fere tanto
como perdermos a fé nos amigos:
os que se refugiam em um canto,
para assim se protegerem dos perigos.
 
A cautela é virtude com veneno
dentro: de tanto nos acautelarmos,
tornamos muitíssimo mais pequeno
o dom que era nosso de amarmos.
 
É certo que o medo guarda a vinha,
mas não convém que ele nos governe
e transforme a vinha em erva daninha.
 
O cauteloso nem sempre discerne
entre o insigne valor da amizade
e o pífio calor da fatuidade.
                                18.10.2022
Eugénio Lisboa

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