terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O Ilimitável Oceano


 Alguns poemas do livro O Ilimitável Oceano, de Eugénio Lisboa
 
Anaxágoras ou o Astrónomo
 
Qual o fim da vida?, foi-lhe alguém perguntar.
E ele: o sol, a lua, os céus investigar.
 
 
Demócrito
 
Prefiro entender o que sei
a poder ser, na Pérsia, rei.
 
 
Euclides
 
Um percurso exacto.
Um discurso claro.
O rigor em acto.
O escuro raro.
 
 
Arquimedes
 
Nos líquidos perscrutou
o segredo vertical
de uma força que achou:
descobrir é casual
quando muito se pensou.
 
 
Galileu
 
As leis do movimento perscrutaste,
com paciência e cândido olhar.
Com o mesmo olhar o vasto céu sondaste,
humilde mas altivo no ousar.
 
 
Copérnico
 
O céu que viste era o céu
de Ptolomeu. Mas diferente
foi a forma de o olhar.
No modo de julgar, teu,
a Terra, astro movente, demitiu-se de pensar
que era o centro do mundo:
assim ver, que abalo fundo!
 
Eugénio Lisboa, in O Ilimitável Oceano, Quasi Edições, Março 2001

Sem comentários:

Enviar um comentário