Manual do insulto
(Em linguagem muito contundente
e em redondilha maior mal-empregada)
1
Este bufo achavascado,
este grande rabisseco,
bandido azoratado,
que, no crime, não é peco,
2
este enorme sevandija
e grandíssimo coirão,
faz-que-mija-mas-não-mija,
este filho de um cabrão,
3
sempre a armar ao pingarelho,
engrunhido e quezilento,
já careca e sem pentelho,
coa banana já dormente,
4
grandessíssimo brigão,
sebento e cleptomaníaco,
este inepto fanfarrão,
perigoso hipocondríaco,
5
este camisa-de-vénus,
para uso em piça alheia,
este dono de um ânus
que só dá para diarreia,
6
egrégio filho da puta,
que cheira mal da boca
e manda os outros prà luta,
enquanto se fecha na toca,
7
um poltrão de cu tremido,
cara de bode sem pêlo,
calhordas mal fodido,
sacana, no atropelo,
8
pariu-o o cu de sua mãe
– assim nasceste tu!
e a vagina de mamãe
ficou com cara de cu.
9
e a vagina de mamãe
ficou com cara de cu.
9
Protoplasma fedorento
e pateta enxacoco,
todo ele, ressentimento,
imbecil e monobloco,
10
que aborto malcheiroso,
que rosto alucinado!
Que focinho ardiloso,
que velhaco mais safado!
11
Mas pede misericórdia
minha caneta cansada
de mexer nesta mixórdia,
que não nos leva a nada.
12
Então, de ti me despeço,
com extrema devoção:
prò inferno, não te impeço,
hasta la vista, cabrão!
12.03.2022
Eugénio Lisboa, in Poemas em tempo de guerra suja, Guerra & Paz Editores, Setembro de 2022, pp.26-28
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