A Música
Agostinho dizia «'Bem' – tu escutas esta palavra e respiras fundo, tu a ouves e suspiras». E ele afirma que o homem não pode exprimir em palavras o sentido mais profundo, a riqueza que se esconde na noção de ‘bem’, assim como sua completa realização: "Dizer, não se pode; calar, também não... Mas o que fazer, se não é possível falar e não dá para calar? Exultai! Jubilate! Levantai a voz sem palavras da vossa profunda felicidade!". Esta "voz sem palavras" (ou uma de suas formas) é: a música! Contudo, ela não é só a voz da felicidade, mas também a voz sem palavras da infelicidade, da carência pela ausência, da frustração, da tristeza, do desespero (a meta não é alcançável sem mais, pois pode ser íngreme e também pode ser dada por perdida!)". No desenrolar mais profundo da realização do ser, mesmo onde a linguagem não se expressa, encontra-se esse impulso natural (também do espírito!). "Daí se segue", diz Kierkergaard "que a música se acha relacionada à fala, tanto precedendo, como sucedendo, manifestando-se como primeiro e como último". A música produz um âmbito de silêncio; nela, a alma entra ‘nua’, por assim dizer, sem a "veste" da oralidade "que se enreda em todos os espinhos" (Paul Claudel).
“O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas. “ (William Shakespeare, “ O Mercador de Veneza”).
Rhapsody in Blue , de George Gershwin, por Leonard Bernstein e New York Philharmonic (1976).

Boa leitura e excelente música
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