quarta-feira, 14 de maio de 2025

Um poema e um abraço


Dai-me um nome

Dai-me um nome, um só nome
para tudo quanto voa:
cardo pedra romã.

Um só nome, para o desejo
ser na manhã corola
de cal, cotovia,

chama subindo
baixando até ser incêndio
de amor rente ao chão.

Um só nome para que tudo,
rosa excremento mar,
possa entrar numa canção.
Eugénio de Andrade, in Os Lugares do Mundo, Assírio &  Alvim Editores, Junho de 2013, p.13
Dá-me um abraço - Miguel Gameiro
Dá-me um abraço

Dá-me um abraço que seja forte
E me conforte a cada canto
Não digas nada, que nada é tanto
E eu não me importo

Dá-me um abraço, fica por perto
Neste aperto, tão pouco espaço
Não quero mais nada, só o silêncio
Do teu abraço

Já me perdi sem rumo certo
Já me venci pelo cansaço
E estando longe
Estive tão perto
Do teu abraço

Dá-me um abraço, que me desperte
E me aperte, sem me apertar
Que eu já estou perto, abre os teus braços
Quando eu chegar

É nesse abraço que eu descanso
Esse espaço que me sossega
E quando possas dá-me outro abraço
Só um não chega

Já me perdi sem rumo certo
Já me venci pelo cansaço
Estando longe
Estive tão perto
Do teu abraço

Já me perdi sem rumo certo
Já me venci pelo cansaço
E estando longe
Estive tão perto
Do teu abraço

Já me perdi sem rumo certo
Já me venci pelo cansaço
E estando longe
Estive tão perto
Do teu abraço

Estando longe
Estive tão perto
Do teu abraço
Miguel Gameiro

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