Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade, in Obscuro Domínio, Editorial Inova Limitada,1971, p 97
Ruptura
A noite fende -
o silêncio
escorre do muro
De quanta ferida
abrirem os dedos
só vento é meu ,
só vento respira.
Mas já a minúscula
língua de erva
chama pela neve.
O silêncio
é o meu domínio.
Como se diz:
a terra é leve.
Eugénio de Andrade, in Obscuro Domínio, Editorial Inova Limitada,1971, p115


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