domingo, 4 de maio de 2025

Ao Domingo Há Música

A música vivia em casa, connosco, todos os dias. Era música variada: portuguesa, estrangeira , ligeira ou clássica. 
Muitos dos cantores da minha infância e da juventude chegaram-me através da minha Mãe. Estava sempre aberta à modernidade. A música era seleccionada, quando a melodia se lhe impunha. E cantava-a , logo que os sons lhe ficavam . Os Beatles acomodaram-se,  lá em casa, a seu convite. Vieram, um a um,  ao longo dos anos. E, com eles, muitos outros foram chegando. Todos se alinhavam para a deleitar, deleitando-nos. 
E a música soltava-se, mais livre e mais forte, ao domingo , nesses grandes passeios de automóvel por este Portugal fora. Cantávamos todos. E éramos muitos. Viagens inesquecíveis de muita aprendizagem. Foi assim que conheci Portugal. De lés a lés, ao sabor dos sons e dos ensinamentos da minha Mãe, enquanto o meu pai conduzia. 
A minha mãe amava a vida e nela impôs a sua marca: um legado de constante assombro e afectos. 
Maria José Vieira de Sousa, in O livro que já escrevi,   Maio de 2018, pp.205-206.

Há datas que se esvaziaram pela invasão tempestiva do  frenesim comercial. O dia da Mãe teima em aparecer como oportunidade para publicitar produtos que qualquer mãe apreciará. Não sei se resulta ou não essa campanha. Por mim, não sou sensível a qualquer desvio que deturpe uma data que tem sentido. O dia da Mãe é uma delas. Não porque homenagear as mães deva ser feito apenas  um dia por ano, mas  porque sendo um dia de veneração maternal,  deve ser assinalado por todos os filhos. É, pois, um dia que se junta a todos os outros dias nesse afecto filial.
Em Portugal, o dia 8 de Dezembro  era dedicado à Mãe. Cresci e fiz-me adulta festejando-o nessa data. Nos tempos mais hodiernos, passou para o primeiro domingo de Maio, um mês de Primavera . 
A saudade que tenho da minha Mãe não finda . Ela foi o maior pilar da minha vida. Era linda , de uma alegria contagiante. Encheu de afecto a minha vida e a dos meus irmãos. Ensinou-nos a crescer e a descobrir  que a Música é um dos assombros da vida.
Neste domingo, vão para ela alguns dos sons que fazem parte de uma longa memória musical.
Obrigada, Mãe.

The Beatles, em Hello, Goodbye, de Novembro de 1967. Quando os Beatles começaram a gravar o que se tornaria o seu terceiro single a ser lançado em 1967, o título provisório era 'Hello, Hello'. O vídeo estreou no Ed Sullivan Show, domingo, 26 de Novembro de 1967. O single ficou em primeiro lugar no Reino Unido e na América nas primeiras três semanas de 1968.
 
The Beatles, em   Don't Let Me Down , uma canção gravada em 1969 , durante as Let It Be sessions. Foi escrita por John Lennon.
Gilbert Bécaud, em Et maintenant (1961) . Música de  Gilbert Bécaud e letra  de Pierre Delanoë.
 
Simon & Garfunkel, em Bridge Over Troubled Water, lançado em 1970. Foi o último álbum de estúdio de Simon & Garfunkel e o seu maior sucesso. A faixa-título ganhou cinco prémios Grammy , enquanto o disco completo ganhou o Álbum do Ano.

Bob Dylan, em Like A Rolling Stone, 1965 .

  The Moody Blues, em  Nights In White Satin (1968).
   
Janis Joplin, em  Me and Bobby McGee ,  canção escrita pelo cantor e compositor americano Kris Kristofferson e originalmente interpretada por Roger Miller. Janis Joplin gravou-a pouco antes de morrer,  a 2 de  Outubro de 1970. A sua versão lançada postumamente liderou a Billboard Hot 100 em 1971, tornando a música o segundo single número 1, lançado postumamente na história das paradas dos EUA, depois de "(Sittin' On) The Dock of the Bay", de Otis  Reding.
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Otis Redding, em  (Sittin' On) The Dock of The Bay. Quando "(Sittin' On) The Dock of the Bay" foi lançado  em Janeiro de 1968, já Otis  morrera,  num acidente de avião, em 10 de Dezembro de 1967. 
   
E porque é impossível apresentar tudo , termino com   Freddie Mercury & Montserrat Caballé, em Barcelona, uma das grandes canções da minha Mãe.
 

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