segunda-feira, 14 de março de 2022

Os frutos da guerra

O horror tornou-se quotidiano,
a destruição transformou-se em hábito,
o mundo foi ficando kafkiano,
o morrer, agora, volveu-se súbito,
 
as lindas crianças servem de alvo,
e os olhos das mães gritam de espanto!
Se nada do que temos está a salvo,
fina-se a fala e também o canto.
 
A morte agora veste-se de aço
e vomita incêndios majestosos:
volatiliza com desembaraço
 
o museu, o palácio esplendoroso,
o hospital, o armazém, a praça
e tudo quanto o horror devassa!
                       14.03.2022
Eugénio Lisboa

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