quinta-feira, 3 de abril de 2014

Nos Rastros da Utopia

A 31 de Março de 1964 , um golpe militar instaurou no Brasil uma violenta ditadura que se estenderia por 50 anos.   Esse cinquentenário foi assinalado pelas  mais diversas manifestações em  todo o território brasileiro. Na Câmara dos Deputados, registou-se uma tumultuosa Sessão Solene ,  nos escaparates  das livrarias, surgiu uma profusa produção livresca alusiva  e , entre outras e diversas  actividades, divulgou-se um " Manifesto Ditadura nunca mais "  assinado por cerca de 100 entidades que compõem os movimentos sociais e o movimento sindical no Brasil que considera esse dia como o DIA DA VERGONHA NACIONAL.  Do  Manifesto  transcreve-se o início e o final: 
"Hoje, 31 de março de 2014, completam-se 50 anos do golpe que implantou a ditadura militar brasileira, que atingiu violentamente nosso povo por longos 21 anos.
Mais de 70 mil pessoas foram presas e perseguidas e 437 foram mortas e desaparecidas, de acordo com levantamento realizado por familiares das vítimas nas últimas quatro décadas. Esse número pode chegar a milhares se considerado o extermínio de indígenas a mando dos governos militares" 
(...) 
Que 2014 seja o ano da verdade e também o da justiça.
Ditadura Nunca Mais!
Punição aos Torturadores de Ontem e de Hoje!"
Manoel de Andrade foi uma das vítimas da Ditadura. Poeta e advogado, com uma carreira literária e profissional promissora, foi obrigado a exilar-se, ameaçado por uma prisão iminente, em 1968. Se não o tivesse feito, talvez tivesse engrossado a lista dos desaparecidos ou sucumbido nas mãos  infames desses torturadores do regime fascista.
Manoel de Andrade  faz parte das 70 mil pessoas perseguidas .Longe da pátria e da família percorreu dezasseis países da América Latina, numa diáspora libertária. Tal como outros milhares de exilados que percorriam esses caminhos, Manoel de Andrade viveu um tempo de luta por um mundo melhor para que a   liberdade fosse um real valor adquirido. Poeta e   combativo registou as memórias desses anos de exílio , num livro inédito e surpreendente que lançou em Curitiba, a 19 de Março. 
“Nos Rastros da Utopia, uma memória crítica da América latina nos anos 70”, com 910 páginas e a chancela da Editora Escrituras, foi lançado,  nas Livrarias Curitiba , com a presença de escritores , de  muitos intelectuais, de amigos,  de um enorme público e de órgãos da comunicação social. Manoel de Andrade  autografou, com simpatia, os inúmeros exemplares da sua obra que lhe foram apresentados.
Foi com  enorme prazer que estivemos presentes no lançamento deste livro do qual temos editado, neste espaço, alguns excertos. Testemunhar o interesse, a receptividade e   o apreço dos leitores de Curitiba por Manoel de Andrade   foi, para nós,  um momento de grande regozijo.
A Manoel de Andrade apresentamos as melhores felicitações por esta original e extraordinária obra .
Manoel de Andrade e Chloris Casagrande Justen,
Presidente da Academia Paranaense de Letras

1 comentário:

  1. Manoel, atrasada mas quero te dizer que fiquei muito feliz de ter podido compartilhar da tua alegria e felicidade naquele dia que foi realmente muito especial e que bem o sabemos.
    Um grande abraço
    Ilca

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