quinta-feira, 10 de abril de 2014

Manifesto “Esse País também é nosso"


Europeias: Jovens emigrantes "à força" lançam manifesto sobre "realidade avassaladora"
Lisboa, 10 Abr (Lusa) -- "Esse país também é nosso" é o nome de um manifesto lançado por jovens emigrantes portugueses qualificados, que pretendem que "a realidade avassaladora da emigração" seja tema de debate nas eleições europeias.
A ideia de lançar o manifesto surgiu da vontade de jovens emigrados "à força" de "fazerem alguma coisa" pelo seu país, numa altura em que se aproximam as eleições europeias (25 de Maio), informou hoje à agência Lusa Rodrigo Rivera.
"Achamos que se está a falar muito pouco da nossa situação enquanto portugueses emigrados à força" e, por isso, considerámos "importante pautar as eleições europeias" com esta temática, adiantou o jovem, que emigrou com a mulher para o Brasil em Setembro.”
Manifesto
“Esse País também é nosso::Emigramos mas não desistimos
Em Portugal, as pessoas passam tempos difíceis. Todos conhecemos situações de vidas destruídas pela crise e pelos cortes dos últimos anos. Ao contrário das promessas, o país ficou pior depois da troika, com mais desemprego e dificuldades para quem precisa de trabalho para viver. A União Europeia tornou-se uma fábrica de austeridade, que só produz mais pobres, desempregados e desunião entre os países. Esse caminho do empobrecimento, seguido de forma fiel pelo governo português, não apresenta qualquer esperança para quem permanece em Portugal. 
Longe do país, queremos continuar a fazer parte da solução para os seus problemas.
Partimos, uns antes, outros depois de uma crise que não foi criada por nós nem pelos nossos. Com percursos, experiências e idades diferentes, encontrámos fora do nosso país a oportunidade que nele nos foi negada. Desde logo, um projecto e um horizonte de vida dignos desse nome. Muitos de nós pertencem à geração mais qualificada de sempre, uma formação conseguida com muitos sacrifícios, pessoais e familiares, mas também com o investimento de todos nos serviços públicos de educação. Um percurso que chocou contra a parede do desemprego e da precariedade. Somos também dos que partiram sem ter podido estudar, empurrados de um país incapaz de garantir um apoio social a quem mais precisa. Hoje, todos somos emigrantes de um país a saque. 
Pedro Passos Coelho afirmou que o desemprego pode ser “uma oportunidade”, que sair da “zona de conforto” é uma necessidade em tempos de crise. Esta crise tem sido, de facto, uma grande oportunidade para os bancos que se salvaram com os dinheiros públicos, para as grandes empresas que impuseram mais cortes salariais e precariedade, para os grupos que se aproveitaram das privatizações ao desbarato de bens públicos. As 120 mil pessoas que anualmente partem de Portugal, muitas sujeitas a trabalhos mal pagos e com poucas condições nos países que as recebem, são o reverso desta medalha. Resgatá-las é a necessidade de quem acredita numa alternativa. 
A austeridade que mata a economia é uma opção política dos governos e da troika. 
As eleições europeias do próximo dia 25 de Maio representam uma oportunidade única para colocarmos em xeque o poder do campo austeritário. O desafio de uma insurgência cidadã, que teve expressão nas grandes manifestações contra a troika, pode e deve vencer a política do medo. Quem o afirma é Alexis Tsipras, candidato a presidente da Comissão pelas esquerdas europeias (Syriza, Die Linke, Front de Gauche, Izquierda Unida, Bloco de Esquerda): “o resultado político da mobilização dos cidadãos frente à obscura Europa do neoliberalismo e da austeridade joga-se, em grande parte, nas próximas eleições europeias de Maio. As condições políticas podem e devem mudar com o voto dos cidadãos, para que termine de uma vez por todas o austericídio”. 
Podemos dar um primeiro passo. O passo de votar, de exercer esse direito conquistado e escolher a alternativa que se ergue contra a austeridade e o garrote da dívida. Esse passo é o primeiro de um regresso ao país que, num dia de Abril, quis ser dono de si. Um país que é nosso e que queremos de volta. Não desistimos.”
ASSINAR Petição

6 comentários:

  1. porque so jovens qualificados? e os outros que não são qualificados ou tão qualificados não podem assinar o manifesto...esse idiota emigrou para o brasil porque foi obrigado? porque precisa? ou para ter uma vida boa e se desculpar porque o país estava em dificuldades...então o brasil que nem emprego tem para os os próprios quanto mais para ele? ou moro no brasil há 8 anos, sai antes da crise e trabalho aqui é difícil e mal remunerado ...e já agora gostaria de saber como ele se legalizou no brasil? vai trabalhar malandro.

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    1. concordo plenamente, Ele no SOL falou que arranjou trabalho em uma semana numa multinacional. O Mc Donalds é uma multinacional. Eu também estou no brasil há menos tempo que o anónimo anterior e aqui a dificuldade em validar um diploma para poder exercer qualquer trabalho qualificado é muito grande, logo o trabalho que ele está a exercer não será qualificado e como tal o salário deve ser uma miséria...história mal contada e tempo de antena que a comunicação social está a dar a esse tipo. Esse deve ser filho de fulano, sobrinho de cicrano e acima de tudo deve ter muito QI (quem indicou)...sem duvida não reflete a geração que tem que emigrar por necessidade.

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  2. Gostaria de fazer parte desse manifesto já que faço parte desta realidade. Como posso assinar? Obrigado.

    Quanto aos "anónimos" que comentaram este post, se tivessem investido no país ao frequentarem a universidade, e ao não haver um retorno deste investimento, partilhariam a mesma opinião do cerne deste manifesto... Porque caso não saibam, às vezes para o país interessam mais números do que letras, e é mais pertinente Portugal ser um país qualificado (daí a iniciativa "novas oportunidades" só para aumentar estatisticamente o número de cidadãos portugueses qualificados) mas na verdade é (também) um país com um mercado laboral que dê resposta às qualificações... e nem é preciso ir tão longe nas questões do desemprego - pois basta olhar para a taxa de desemprego onde também constam lá cidadãos com outras qualificações (sem serem remetidas ao ensino superior - como os pertencentes deste manifesto).

    E também convém olhar aos factos de pessoas desempregadas (como pode ser o vosso caso) - que são pessoas que já trabalharam - e como pessoas que buscam o primeiro emprego e ainda não o encontraram - cujo Portugal não deu oportunidade (que acredito que seja a maior parte dos casos destas pessoas que integram este manifesto).

    Muito sucintamente, já quando tinha terminado a minha licenciatura, eu enviava CV's e diziam-me sempre a mesma coisa... "não tem experiência profissional" - onde se pode ver sempre nas ofertas de emprego (na minha área, pelo menos, pendem sempre no mínimo "3 anos de experiência")... continuei os meus estudos porque para além de aprender mais e de aumentar as minhas qualificações, sempre ia ganhando experiência profissional nos estágios... Já com o mestrado na minha posse, a história repetiu-se, enviar CV's e receber "nãos" como feedback por causa da minha falta de experiência.

    Surge assim uma proposta para Luanda, Angola. Ao nível burocrático existem muitos handicaps... Após meio ano à espera do meu visto (sempre a gastar dinheiro em documentos oficiais, e a continuar depender da mesada dos meus pais como se ainda fosse estudante), desisti da ideia e embarquei para a Suíça, onde atualmente tenho contrato laboral numa empresa internacional (trabalho na minha área), mas tive que fazer mais investimentos como é o caso da língua (francês, alemão), já que em Luanda tinha a vantagem de continuar a falar a nossa língua.

    Eu tenho uma razão para compreender este manifesto, para fazer parte dele. Vocês que não conseguem perceber ao menos podiam respeitar. Certamente é porque não têm familiares na mesma posição, ou amigos...

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    1. Se pretende assinar o Manifesto , basta carregar no link que aparece no final do post.
      Com as saudações de Livres Pensantes

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    2. caro doutor...se você tivesse lido até ao fim entenderia que o comentário é de alguém que também é formado, ele fala que está a tentar validar o diploma dele no brasil. E eu também acho que por ser licenciado que são mais que os que não são e por isso exclui-los do manifesto...

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  3. Há um vector comum nos anteriores comentários e na génese do "manifesto":
    A incapacidade do nosso País responder aos anseios legítimos dos seus filhos. Não me refiro aos jovens, abarco todos aqueles que vivem esse dilema.
    Um dos grandes problemas que nos aflige tem a ver com a dita e famigerada "democracia" (só de nome) com que nos armadilharam. O meu Pai trabalhou até cerca dos 80 anos. Eu, aos 57, fui "convidado" a reformar-me. Quer dizer, antes havia uma transferência de saberes e experiência muito importante para aqueles que nos vinham substituir. Por ironia do destino agora roubam-nos nas pensões. Eu trabalhei desde os 14 anos, quando acabei o meu curso. Depois aproveitei todas as oportunidades para me valorizar e obter mais conhecimentos nas várias áreas de actividade onde exerci funções. Tive uma carreira profissional brilhante, fruto de muito esforço, abnegação e honestidade. Paguei todas as contribuições para receber a reforma que me foi outorgada., mesmo durante o tempo do Serviço Militar Obrigatório. Hoje sinto-me "roubado".
    Embora lamente o actual estado de coisas, isso não é surpresa. Muitos daqueles que se dizem "qualificados" (que me perdoem os que o são) tiraram as suas licenciaturas no esconso de entidades que não merecem credibilidade. Depois é vê-los no dia-a-dia com pontapés na nossa língua comum que bradam aos céus.
    Para terminar, todos nós merecemos mais do que aquilo que os políticos dizem que temos direito. É isso mesmo, se não o exprimem abertamente, é o que resulta das suas acções. Mas eles continuam impávidos e serenos a governar-se e ao clã que lhes está afecto.
    Meu pobre Portugal, a que escumalhas te foram entregar.

    Nota: Escrito ao abrigo do anterior Acordo Ortográfico, porque rejeito o crime cometido contra a língua pátria.

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