domingo, 13 de abril de 2014

Ao Domingo Há Música

"Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores" Zeca Afonso


Ao longo da história de cada país, houve épocas tenebrosas que tiveram durações diferentes ,em tempos e formas diversas. Lutar contra a opressão que coarcta , diminui, tolhe e asfixia foi a arma de muitos cantores e compositores. Resistir e combater são vocábulos do dicionário libertário.
Em Portugal e no mundo, há um espólio de belas canções que perdurará como símbolo de gerações  que souberam glosar  a palavra  Liberdade. 
Num  mês,  em  que  se  celebra   uma  data  revolucionária  portuguesa, é tempo  de  recordar muitas outras vozes que têm sido homenageadas por esse mundo.
Da Europa à América Latina, do hediondo e trágico golpe Chileno, retirámos registos que ilustram a força da canção libertária.

Começamos com a voz de Zeca Afonso numa canção emblemática, "Coro da Primavera", do Álbum "Cantigas do Maio", considerado pela revista Blitz como o melhor de música portuguesa dos anos 70.

Nolwenn Leroy , uma nova  voz francesa, e Maurane, uma prestigiada voz belga, prestam homenagem a Jean Ferrat , um grande  resistente compositor-cantor, na abertura das Victoires de la Musique, em  2011. Ei-las,  em " Aimer à perdre la raison", um hino ao Amor com  poema de Louis Aragon e música de Jean Ferrat.

“Què volen aquesta gent” é uma canção de 1968, composta por  Maria del Mar Bonet  e com poema de Lluís Serrahima.  O poema e a canção foram escritos  para denunciar a repressão política exercida pela  ditadura de Franco, em Espanha. Durante um concerto na Cova del Drac, a censura interditou a sua apresentação em público, convertendo-a numa das mais procuradas canções proibidas da resistência antifranquista.

«Canta agora...!» - gritou um dos oficiais, depois de ter esmagado as mãos  de Victor Jarra ,durante mais uma sessão de espancamento, no Estádio do Chile, há quase  41 anos, quando Augusto Pinochet  tomou o Chile, através de um iníquo  golpe de estado. Victor Jarra foi preso, torturado e morto  como tantos outros resistentes,  em praça pública, num espectáculo medonho e inenarrável. 
Em  jeito de  homenagem,   retomamos  a  sua  voz  no  longo   e  célebre  registo
" Manifiesto".

Yo no canto por cantar
ni por tener buena voz
canto porque la guitarra
tiene sentido y razon,
tiene corazon de tierra
y alas de palomita,
es como el agua bendita
santigua glorias y penas,
aqui se encajo mi canto
como dijera Violeta
guitarra trabajadora
con olor a primavera.



Que no es guitarra de ricos

ni cosa que se parezca
mi canto es de los andamios
para alcanzar las estrellas,
que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morira cantando
las verdades verdaderas,
no las lisonjas fugaces
ni las famas extranjeras
sino el canto de una alondra
hasta el fondo de la tierra.


Ahi donde llega todo

y donde todo comienza
canto que ha sido valiente
siempre sera cancion nueva.

Sem comentários:

Enviar um comentário