sábado, 28 de julho de 2012

Liberdade universal


” O pensamento e a acção dos séculos XIX e XX são regidos por uma Ideia (...). Esta ideia é a de emancipação. A sua argumentação é, de facto, diferente conforme aquilo a que se chamam as grandes filosofias da história, as grandes narrativas nas quais se tenta ordenar a enorme quantidade de acontecimentos: narrativa cristã da redenção do pecado adâmico pelo amor, narrativa aufklärung da emancipação da ignorância e da servidão pelo conhecimento e o igualitarismo, narrativa especulativa da realização da Ideia universal pela dialéctica do concreto, narrativa marxista da emancipação da exploração e da alienação pela socialização do trabalho, narrativa capitalista da emancipação da pobreza pelo desenvolvimento tecno-industrial. Há entre estas narrativas matéria para litígio e mesmo para diferendo. Mas todos situam os dados que os acontecimentos trazem no curso de uma história cujo termo, mesmo permanecendo inatingível, se chama liberdade universal, absolvição da humanidade inteira.»
Jean-François Lyotard, in “O Pós-Moderno Explicado às Crianças”, Ed. Dom Quixote

1 comentário:

  1. A emancipação precoce, a navegação sem rumo, a liberdade consumida até ao excesso corre o risco de ser a razão da queda de qualquer um, no singular ou no colectivo! Ou por outras palavras... Quando um Pós-Moderno se pode assemelhar tanto ao passado velho e relho, que se confunde de tal modo com ele que embora nada se repetindo tudo se parece ser mais do mesmo.

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