Que eu pensava ser só meu,
Infiltra-se um tal veneno
Que é a solidão e eu.
Juntos não somos um todo,
É sufocante o vazio.
E eu já nem sei de que modo
Foi invadido plo frio.
Agora já somos três
Mas esses não fazem um,
Nem ao entrares tu me vês,
Este quarto é de nenhum.
Coração que se partiu,
Que está sem nada pra dar,
É este quarto vazio
Onde nem lá cabe o ar.
Carminho
Há vozes que nos fazem render pela intensa musicalidade e pela inconfundível sonoridade que transportam, fazendo delas a voz de um momento único e distinto de qualquer outro.
É assim a voz que seleccionámos para este início de Outono e já no ocaso de um agitado Setembro. Uma fadista jovem , mas com uma longa carreira de sucessos , que acaba de divulgar mais um novo e singular single.
Carminho , em o quarto ( fado Pagem ).Letra: Carminho . Música: Alfredo Marceneiro. Produzido por Carminho.
Gravado por Joaquim Monte, assistido por Rúben Baião e Rodrigo Lopes, nos Estúdios Namouche, em Lisboa .Misturado por Joaquim Monte e Carminho. Masterizado por Ars Lindberg Mastering.
Carminho, em Balada do País que dói. O novo single do próximo Álbum, com Letra de Ana Hatherly e Música de Carminho.
“Balada do País que Dói” é uma canção produzida por Carminho, gravada por Joaquim Monte e Miguel Peixoto nos Namouche Studios, em Lisboa, e misturada por Joaquim Monte. A masterização ficou a cargo de Bob Weston.
A riqueza instrumental é central neste single: a guitarra portuguesa de André Dias dialoga com a guitarra elétrica de Pedro Geraldes e a viola de fado de Flávio César Cardoso, sustentadas pelo baixo acústico de Tiago Mata. A voz de Carminho é desdobrada através do vocoder, criando camadas vocais que se misturam com sonoridades raras — o mellotron, o cristal baschet e as ondes martenot — tocados por João Pimenta Gomes.
Visualmente, este trabalho contou com a direção criativa de Raphael Tepedino, a fotografia de Mariana Maltoni, o styling de Antonio Frajado, a beleza de Guilhermo Casagrande e o design gráfico de Sometimes Always & Solenn Robic. A produção executiva foi assegurada por Carminho em parceria com Miguel Isaac, reforçando o carácter profundamente autoral e cuidado deste lançamento." (Glam Magazine)
Balada do país que dói
O barco vai
o barco vem
português vai
português vem
o corpo cai
o corpo dói
português vai
português cai
o barco vai
o barco vem
português vai
português vem
o país cai
o país dói
o tempo vai
o tempo dói
português cai
português vai
português sai
português dói
Ana Hatherly
“‘Balada do País que Dói’ constrói-se através do diálogo que Carminho provoca entre instrumentos de famílias tão diferentes como uma guitarra portuguesa, uma guitarra elétrica e o Cristal Baschet, entre a sua voz e outras vozes (que na verdade é sua voz tornada múltipla). Diálogos esses que atravessam diversos tempos: os tempos da história e da tradição do fado, dos seus compositores, letristas e intérpretes, mas também os tempos das disciplinas da música e da poesia. Nessa travessia, através da qual somos conduzidos por Carminho, aprendemos que o tempo da música não é um tempo cronológico marcado por calendários e horas do dia, mas uma temporalidade construída pelas notas e pelas texturas sonoras, nascida das palavras escritas por Ana Hatherly e depois ditas e cantadas por Carminho. A que se junta o tempo de quem ouve esta Balada, a repete, trauteia e guarda na memória. Balada é um fado construído através da sobreposição de camadas de tempos a dialogar entre si que põem em relação o antes e o agora, o antigo e o instante presente e dá início a um processo dialético de diálogo. E é este vai-e-vem entre diferentes tempos, palavras e sons heterogéneos que marca não só este tema, mas percorre subterraneamente todo o novo disco de Carminho.” — Nuno Crespo (Critico de Arte)
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