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Alguns pensamentos recomendáveis, depois das ameaças de Putine sobre a eventual necessidade de premir o botão nuclear
Tenho ouvido todas as
proclamações pretendendo que as bombas atómicas mais recentes não produzem
chuva radioactiva. todas estas proclamações são mentiras deliberadas. Eu
participei numa discussão radiofónica sobre este assunto e uma das autoridades
de topo do governo dos estados unidos, na área nuclear, gabou-se de que tinha
descoberto como fazer bombas “limpas” e que esta sua pesquisa tinha sido feita
com fins humanitários.Perguntei: “então, presumo que informou os russos da sua
descoberta”. respondeu-me, horrorizado: “Nem pensar, isso seria ilegal”. Deveria
eu concluir que só as vidas russas deveriam ser poupadas e não as americanas?
Bertrand Russell, Dear Mr. Russell (1969)
Em 1997, se ainda existirmos, é de esperar que dois grupos rivais, de comissários russos e fuzileiros americanos viajem, a enorme custo, até à superfície de marte, mantendo-se vivos durante alguns dias, enquanto andarem à procura um do outro. Quando finalmente se encontrarem, exterminar-se-ão uns aos outros. Cada um dos lados ouvirá falar do extermínio do outro e proclamará um feriado nacional para celebrar a gloriosa vitória.
Bertrand Russell, Has man a future? (1961)
É
desesperante observar como homens altamente colocados, que, em outros aspectos,
não são desprovidos de inteligência, acreditem, tanto no leste como no oeste,
que a paz deverá ser preservada se um dos lados se tornar mais forte do que o
outro. Pode muito bem acontecer que a próxima guerra acabe com o lado mais
forte ainda na posse de algumas bombas de hidrogénio, mas com nenhum dos lados
na posse de um único ser vivo.
Bertrand Russell, Fact and Fiction (1961)
Selecção de Eugénio Lisboa, 11.03.2022
Como sempre não há como estamos entregues a esta gente
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