segunda-feira, 22 de abril de 2024

Novidades Literárias em Abril


Editora Guerra & Paz
Novidades editoriais

"Várias estreias literárias e romances premiados são editados neste mês de Abril , em que se  publica o novo livro de poesia de Eugénio Lisboa, "soneto-modo de usar",  pela editora Guerra & Paz,  as memórias de Manuel Alegre e novos livros de Jeferson Tenório, Alia Trabucco Zerán, Liu Cixin e Deborah Levy
Jamaica Kincaid, autora de língua inglesa, natural de Antígua e Barbuda, é uma das estreias literárias em mercado editorial português, com o romance "Annie John", que conta "uma história sublime e universal sobre desenraizamento, identidade e laços de família", segundo a Alfaguara, que publica a obra.
Amplamente elogiada pela crítica e pelos seus pares, a autora é descrita como "irresistível e avassaladora", por Susan Sontag, "elegante e intransigente", por Ali Smith, e autora de livros "crus, excessivos e, sobretudo, belíssimos", que descobrem "beleza entre as ruínas", nas palavras de Alejandro Zambra.
Da mesma editora chega também um novo romance da canadiana Miriam Towes, autora de "A voz das mulheres", ambientado no universo feminino, através da intimidade de uma "família desarranjada".
"Noite de luta" relata as aventuras inteligentes e impetuosas de uma pequena rapariga de 9 anos, que se alimenta do universo da sua mãe e da sua avó.

Uma outra publicação inédita em Portugal é o romance "Eu canto e a montanha dança", de Irene Solà, um dos maiores sucesso da literatura catalã e europeia, segundo a Cavalo de Ferro.
Trata-se de uma espécie de fábula contemporânea, situada nos Pirenéus catalães, que congrega dramas e tempestades, tragédias e folclore, que venceu do Prémio Anagrama de Romance 2019, o Prémio de Literatura da União Europeia 2020, e foi finalista do National Book Critics Circle`s Award.

Elsinore publica o primeiro romance da tradutora e autora de livros infantis e de não-ficção Rita Canas Mendes, "Teoria das Catástrofes Elementares", o retrato das vivências de uma família portuguesa disfuncional, entre Lisboa e Cascais, nas últimas décadas do século XX, vista pelos olhos de uma protagonista durante a sua infância e adolescência.
Na mesma editora, será publicado aquele que foi o romance de estreia da escritora chilena Alia Trabucco Zerán, "A Subtração", e que chegou a finalista do Prémio Booker Internacional.
Nesta obra da autora de "Limpa", três jovens adultos a contas com a traumática herança de um país, embarcam numa `roadtrip`, em que as sombras de morte da ditadura de Pinochet se interligam com o percurso e os sonhos individuais de cada um.

Ainda ao nível das novidades, a Suma de Letras lança "A Corrente", um policial de Filipa Amorim, que é o seu livro de estreia, e "Dezanove Degraus", primeiro romance da atriz Millie Bobby Brown (protagonista de "Stranger Things"), inspirado na história da sua avó.

Companhia das Letras traz uma nova história de Jeferson Tenório, autor de "O avesso da pele", sobre a luta de uma adolescente que sonha ser filósofa e encontrar o lugar certo no mundo, intitulada "Estela sem Deus", bem como um novo livro de Susana Moreira Marques, "Terceiro andar sem elevador: Notas sobre Lisboa", uma reflexão sobre a vida moderna e um tributo a esta cidade.

As "Memórias Minhas", de Manuel Alegre, compostas por pequenas histórias que traçam também um retrato do Portugal dos anos 1950 até ao país livre após o 25 de Abril, chega às livrarias pela Dom Quixote, que edita também um novo romance do escritor e músico cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, intitulado "O livro que me escreveu".
Dom Quixote publica também "A Filha Única", romance da escritora mexicana Guadalupe Nettel, finalista do Prémio Booker Internacional 2023, romance sobre três mulheres e os laços que as unem, nas suas histórias particulares em torno da maternidade, da sua negação ou aceitação, das dúvidas, incertezas, sentimentos de culpa, alegrias e angústias.
"Manual Para a Obediência", de Sarah Bernstein, é outra aposta da editora, um romance sobre cumplicidade e poder, desenraizamento e legado, que foi finalista dos prémios Booker e Giller 2023.

"Voltar do Bosque", romance de Maddalena Vaglio Tanet nomeado para o prémio Strega em 2023, é outra novidade da Dom Quixote, enquanto a Casa das Letras publica "Tortura Branca", de Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz em 2023, que relata experiências de catorze mulheres, incluindo ela própria, nas prisões da República Islâmica do Irão.

A Relógio d`Água vai lançar o novo romance da escritora britânica Deborah Levy e o mais recente livro de contos da norte-americana Lydia Davis, "Os Nossos Desconhecidos", bem como o terceiro volume da trilogia "Lembrança da Terra do Passado", de Liu Cixin, "A Morte Eterna".

A Contraponto lança "Turno da noite", de Robin Cook, e vai reeditar a obra "O quinto filho", de Doris Lessing, fora do circuito editorial português há mais de 30 anos.

Outra novidade literária chega pela Quetzal, o romance de estreia de Mário Rufino, professor, crítico literário e organizador de festivais literários, intitulado "Cadente".
"Piero Solidão", de Leonor Baldaque e "A Sociedade Muito Secreta dos Caminhantes Solitários", de Rémy Oudghiri, são outros livros a saírem nesta chancela.

"O Ladrão de Arte", de Michael Finkel, é uma das apostas para abril da Porto Editora, enquanto a chancela Livros do Brasil publica mais um livro de Annie Ernaux, neste caso o seu romance de estreia, "Os Armários Vazios", bem como "Pedra e Sombra", de Burhan Sönmez, vencedor do Prémio do Romance Orhan Kemal na Turquia e finalista do Strega Europeu em Itália.

A Assírio & Alvim publica "Alexandre O`Neill. Uma Biografia Literária", de Maria Antónia Oliveira, numa edição revista e aumentada, e publica "Entre Sílabas e Lavas", de Nuno Guimarães.

Na área da ficção, as novidades literárias do grupo Almedina, editados pela Minotauro, são "Messalina - Uma história de poder, difamação e adultério" de Honor Gargill-Martin, e "Os Frágeis Fios do Poder" de V. E. Schwab.

"Tarrafal", o novo livro do fotógrafo documental João Pina, "Livros Reunidos", antologia poética de Carlos Bessa, e "Catarina e a Beleza de Matar Fascistas", texto do espetáculo de Tiago Rodrigues, agora em livro, são algumas das novidades de abril da Tinta-da-China."

Da Guerra & Paz:

Après la tentative d'assassinat, l'écrivain livre une réflexion puissante et intime

Si vous n'arrivez pas à lire ce message, suivez ce lien.

présente le nouveau livre de Salman Rushdie




« Il était nécessaire que j'écrive ce livre : une manière d'accueillir ce qui est arrivé, et de répondre à la violence par l'art. » S. R.
Pour la première fois, Salman Rushdie s’exprime sans concession sur l’attaque au couteau dont il a été victime le 12 août 2022 aux États-Unis, plus de 30 ans après la fatwa prononcée contre lui.
Dans ce livre très personnel, paru simultanément dans de nombreux pays cette semaine, et qui signe par la même occasion son entrée dans le catalogue Gallimard, l'écrivain lève le voile sur la longue et douloureuse traversée pour se reconstruire après un acte d’une telle violence; jusqu’au miracle d’une seconde chance.

Questions à Salman Rushdie

Le Couteau sera votre premier livre publié chez Gallimard. Pourquoi ce titre ?

Salman Rushdie : Ça m'a semblé être la façon la plus directe de m'exprimer. Parce que la seule raison à l'existence de ce livre, c'est ce couteau. Franchement, je n'avais pas l'intention d'écrire un nouvel essai autobiographique. Vous savez, ça n'a jamais été mon intention de pratiquer l'écriture autobiographique. Mais là, après cette... attaque, il me semblait difficile de parler d'autre chose. Alors je me suis dit : "Je dois écrire ce livre, pour pouvoir écrire autre chose par la suite."

Le 12 août 2022, vous avez été attaqué, et presque tué. 27 secondes qui ont changé votre vie. Pour ouvrir le livre, vous avez choisi une citation d'un célèbre écrivain irlandais, quelle est-elle ?

Salman Rushdie : C'est une phrase de Samuel Beckett. Qui dit [...] "Nous sommes différents, nous ne sommes plus ce que nous étions avant la calamité d'hier."
Ce que j'entends, c'est que pour lui, chaque jour est une calamité. Et, à chaque fois, une calamité différente. Il me semblait que ça correspondait parfaitement à ce dont je voulais parler, à savoir cette irruption radicale dans le cours d'une vie, de la mienne en l'occurrence... Je pense que je suis, jusqu'à un certain point, en train de prendre mes distances avec cette affirmation parce que, dans le fond, je retrouve ma vie d'avant. Je n'ai donc pas l'impression que ma vie a été radicalement détruite, si l'on excepte un certain nombre de problèmes de santé.


1
LE COUTEAU

"À dix heures quarante-cinq le 12 août 2022, par un vendredi matin ensoleillé dans le nord de l’État de New York, j’ai été attaqué et j’ai failli être assassiné par un jeune homme armé d’un couteau juste après être monté sur scène dans l’amphithéâtre de Chautauqua pour y parler de l’importance de préserver la sécurité des écrivains.
J’étais accompagné de Henry Reese, cofondateur avec son épouse Diane Samuels du projet de Pittsburgh Ville Refuge, qui donne asile à un certain nombre d’écrivains en danger dans leur propre pays. Henry et moi étions venus à Chautauqua parler de la création en Amérique de lieux sûrs destinés à des écrivains venus d’ailleurs et de mon engagement dès les prémices de ce projet. Cela faisait partie d’un programme d’une semaine de manifestations organisées par l’Institution de Chautauqua intitulé « Plus qu’un refuge. Redéfinir l’accueil américain ».
Nous n’avons jamais eu cette conversation. Et je n’allais pas tarder à découvrir que, ce jour-là, l’amphithéâtre n’était pas pour moi un lieu sûr.
Je revois encore l’instant au ralenti. Mes yeux suivent la course de l’homme qui jaillit du public et vient vers moi. Je distingue chaque pas de sa course effrénée. Je me vois me lever et me tourner vers lui. (Je continue à lui faire face. Je ne lui ai jamais tourné le dos. Je n’ai aucune blessure dans le dos.) Je lève la main gauche dans un geste d’autodéfense. Il y plonge le couteau.
Ensuite je reçois de nombreux coups, au cou, à la poitrine, à l’œil, partout. Je sens que mes jambes me lâchent et je m’écroule.
*
Le jeudi 11 août avait été ma dernière soirée insouciante. Henry, Diane et moi nous étions promenés en toute légèreté dans le parc de l’Institution et nous étions retrouvés pour un dîner agréable au restaurant 2 Ames au coin de la partie verdoyante du parc nommée Bestor Plaza. Nous avions évoqué le discours que j’avais prononcé dix-huit ans auparavant à Pittsburgh sur mon rôle dans la création du Réseau international des villes refuges. Henry et Diane y avaient assisté et s’en étaient inspirés pour faire aussi de Pittsburgh une ville refuge. Ils avaient commencé en finançant une petite maison et en soutenant financièrement un poète chinois, Huang Xiang, qui eut cette initiative frappante de recouvrir les murs extérieurs de sa nouvelle demeure d’un poème en grands idéogrammes chinois à la peinture blanche. Henry et Diane développèrent progressivement le projet jusqu’à disposer de toute une rue de maisons refuges, Sampsonia Way, dans les quartiers nord de la ville. J’étais heureux d’être à Chautauqua pour fêter leur réussite."


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