segunda-feira, 11 de abril de 2022

Soneto do muito morrer


SONETO DO MUITO MORRER
 
Morre-se agora muito, à nossa volta,
e não é só na guerra que se morre.
Não é só a guerra que nos escolta
para sítios de onde nunca se recorre.
 
Morre-se de cancro e de covide,
destroem-nos abruptos avêcês
e todo o bicho que em nós reside,
venha de fora ou seja português.
 
Certo é que se morre por todo o lado,
sem conta nem medida, loucamente,
restando-nos este mundo empestado,
 
sala de espera da morte iminente,
mas que demora muito a chegar,
para tudo isto, enfim, apagar.
                  11.04.2022
Eugénio Lisboa 

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