quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Caridade


Caridade

Estende a tua mão mas nada esperes
daqueles que recebem o teu favor,
serve apenas e  à esquerda não reveles
que a direita tem um pacto com o amor.

Há uma multidão sitiada pela fome
esperando a tua cesta e o teu sorriso
bem sabes que a caridade não tem nome
mas poderia fazer da Terra um paraíso.

Há tanto por fazer, são tantas dores
e uns colhem espinhos semeando flores
numa missão anónima e esquecida

seu único tesouro, seu troféu
a chave misteriosa deste céu
é sentir que é  só pelo amor que vale a vida.
Manoel de Andrade, Poesia

4 comentários:

  1. Na história das religiões do ocidente há dois axiomas que insinuam o destino da alma humana: “Fora da Igreja não há salvação” e “Fora da caridade não há salvação”. A primeira é exclusivista, excluindo da salvação as pessoas de outras crenças. A segunda é um caminho universal para a salvação através da prática da caridade.

    Nunca o mundo precisou tanto de caridade. Este novo ano já nasce inquietante, sublinhado por tantos desafios, quer no Brasil como no mundo, com tantos seres humanos marcados pelas tragédias ambientais ou sitiados pelos avanços da pandemia. É comovedor vermos nas lágrimas de tantas famílias brasileiras o reflexo de sua única “riqueza” sendo “roubada” pelas águas. São provas superlativas num tempo em que tudo parece indicar que estamos às portas de uma nova realidade planetária.

    Os novos avanços da pandemia no mundo inteiro também parecem indicar uma evidente advertência à nossa consciência moral, numa humanidade onde os valores da civilização estão marcados por tantos desequilíbrios.


    Quantas dores viajam nesses dias pelo mundo. Quanto sofrimento nos passos vorazes desse flagelo contagiante. E essa via crucis interminável no calvário dos migrantes. E esse pavor insuportável ante a fome rondando a infância e nas lágrimas de quem já nada tem para repartir. O mundo te pede amor, espera pela tua compaixão, pelas tuas moedas, pelo teu coração, pela tua CARIDADE.

    Manoel de Andrade


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  2. Obrigada Manoel de Andrade. Um poema seguido de um grito esclarecedor tornam este post numa belíssima mensagem para os dias tão difíceis que vivemos.
    Dizia Madre Teresa de Calcutá que a falta de amor é a maior de todas as pobrezas. Todos sabemos que não há Caridade sem Amor.

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  3. Que linda poesia Sr. Manoel. Muito obrigado por compartilhar a sabedoria e sensibilidade em forma de arte.

    Ângelo Garcia

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