sexta-feira, 9 de maio de 2014

Imigração e Lusofonia


Observatório: Estudo identifica 680 imigrantes sem-abrigo, maioria em Lisboa
Um estudo sobre imigrantes sem-abrigo a viver em Portugal identificou 680 pessoas, a maioria das quais em Lisboa, sobretudo homens oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
“Os dados pertencem ao estudo 'Imigrantes sem-abrigo em Portugal', coordenado por Teresa Líbano Monteiro e editado pelo Observatório da Imigração, e mostram que foi possível identificar 680 pessoas imigrantes a viver na condição de sem-abrigo.
Os autores sublinham que «o acesso a estes indivíduos é particularmente difícil» pelo facto de estarem em causa dois tipos de população que normalmente são consideradas «ocultas» e «escondidas».
O levantamento foi, por isso, feito através dos técnicos que trabalham nas instituições que prestam apoio a estas pessoas, tendo sido possível conhecer 680 imigrantes sem-abrigo, um número que, não sendo representativo, «é a aproximação possível a um universo de contornos indefinidos».
Segundo o estudo, a maioria dos imigrantes sem-abrigo está na cidade de Lisboa, onde foram identificados 514 (75,6%), um fenómeno espectável, segundo as autoras, «tendo em conta a relação existente entre os fenómenos de urbanização, atracção de mão-de-obra migrante e intensificação de pobreza».
Em termos de caracterização sociodemográfica, a grande maioria (90,3%) destas pessoas são homens, havendo apenas 66 mulheres, sobretudo oriundos dos PALOP (40,3%), com idade entre os 36 e os 45 anos. Há também uma percentagem elevada (23,7%) entre os 26 e os 35 anos e entre os 46 e os 55 anos (27,3%).
Em termos de país de origem, a Ucrânia surge em segundo lugar (16%), logo seguida pela Roménia (6%).
As investigadoras apontam que «apesar da nacionalidade brasileira ser a mais representada na imigração actual, os sem-abrigo brasileiros representam apenas 6% dos  indivíduos em análise», fenómeno explicado pela «maior empregabilidade e integração social» dos cidadãos brasileiros.
De destacar que 34 dos 680 imigrantes vêm de países da Europa Ocidental, nomeadamente Itália, Espanha, Alemanha, França, Áustria, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Bélgica, Grécia e Irlanda.
No entanto, não foi possível compreender melhor o perfil destas pessoas, de modo a perceber que características do seu percurso de vida fizeram com que, apesar de serem oriundos de países com maior índice de desenvolvimento que Portugal, tenham acabado na condição de sem-abrigo.
Em relação à escolaridade, a maioria (cerca de 42%) tem o nível básico ou menos, sendo que destes, 6% não possui qualquer qualificação.
Por outro lado, há 17% que têm o ensino secundário concluído e 6% com uma licenciatura.
Os indivíduos dos PALOP são aqueles que têm menos qualificações, enquanto no lado oposto (com ensino superior ou formação profissional) estão os cidadãos da Ucrânia e de outros países de Leste.
Metade das pessoas não tem documentação legal, enquanto apenas 30% tem um visto ou uma autorização de residência, sendo que na maioria destes casos (79,1%), a autorização de residência destina-se ao exercício de actividade profissional subordinada.
Estes 79,1% representam 91 pessoas, sendo que destas, 74 estão desempregadas.
Aliás, no que diz respeito à situação laboral, o estudo demonstra que "a esmagadora maioria" dos inquiridos (544) está desempregada.
Em matéria de saúde, praticamente metade (49%) encontra-se doente e a condição de saúde mais referida (35%) foi o alcoolismo.
O estudo, coordenado por Teresa Líbano Monteiro, foi realizado por Verónica Policarpo, Vanda Ramalho e Isabel Santos.” Diário Digital com Lusa, em 09.05.14

Cidades Capitais de Língua Portuguesa reúnem-se hoje em Coimbra
A criação dum Gabinete de Cooperação Económica, que permita apresentar soluções para as necessidades das cidades, é um dos temas em debate hoje na XXX Assembleia-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Coimbra.
“No actual contexto de crise, as questões económicas vão dominar a agenda do encontro anual da UCCLA, em que participam representantes de 22 municípios e 18 empresas, disse à Lusa o secretário-geral da organização, Vítor Ramalho.
A UCCLA pretende criar um Gabinete de Cooperação Económica para «atender às necessidades das cidades», disse o responsável, exemplificando: «Luanda precisa de uma empresa de canalização. Nós podemos responder a isso, beneficiando do contacto próximo com os Presidentes de Câmara».
Por outro lado, as cerca de 40 empresas associadas da UCCLA vão passar a mostrar-se nas feiras internacionais de Maputo e de Luanda, já este ano, no âmbito de um protocolo celebrado com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
«Isto possibilita uma divulgação das nossas empresas e uma chamada de atenção de que a UCCLA pode ser um instrumento para as cidades chegarem às empresas e encontrarem as respostas de que precisam», explicou Vítor Ramalho.
Os membros da UCCLA vão ainda discutir uma proposta cultural: a homenagem aos antigos estudantes da Casa dos Estudantes do Império, que durante a ditadura de Salazar estudaram nas universidades portuguesas.
«Todos os homens de cultura do mundo lusófono e os grandes políticos que logo a seguir às independências dirigiram os partidos e os movimentos africanos, mas também os próprios Estados, formaram-se politica e culturalmente em Lisboa. Isso não ocorreu em nenhum outro país colonizador de África», afirmou o secretário-geral da organização.
Na reunião, que decorrerá a partir das 15:00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra, serão debatidos ainda «assuntos internos da organização, projectos em curso e futuros, envolvendo relações institucionais com entidades congéneres».
A discussão e votação do Relatório e Contas relativos ao ano de 2013 e apresentação do Programa de Actividades para 2014 também fazem parte da agenda de trabalhos do encontro, adianta uma nota da UCCLA.
Fundada em Junho de 1985, pelas cidades de Bissau, Lisboa, Luanda, Macau, Maputo, Praia, Rio de Janeiro e São Tomé/Água Grande, a UCCLA, que actualmente reúne 40 cidades de oitos países de língua portuguesa, vive do co-financiamento dos seus membros e conta com projectos financiados por organizações como o Banco Mundial e a União Europeia.
A XXIX Assembleia-geral da UCCLA realizou-se em Maio de 2013, em Cabo Verde, na cidade da Praia.” Diário Digital com Lusa, em 09.05.14

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