quinta-feira, 25 de julho de 2024

A caminho...



Canção a Caminho do Céu
 
Foram montanhas? foram mares?
foram números...? – não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei.
 
E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!
 
As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.
 
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.
 
Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
– e o encantamento arrependido
do meu amor.
Cecília Meireles, in  Flor de poemas,  3ª ed., Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro,  1972, p. 93
Era…

Era o Oceano
Sem água, sem vaga
a acabar
o Mar do meu olhar.
 
Era o areal
Sem espuma, sem maresia
a fugir
a praia do meu dia.
 
Era o azul
Sem  traço, sem tom,
a perder
a cor do meu céu.
 
Era a chuva
Sem força, sem bátega
a abafar
o desenho do meu  corpo
 
Era o vento
Sem rumo , sem tino
a levar
o sonho do meu destino
 
Eras tu
Sem ti, sem mim
a apagar
o brilho da minha vida.
MJVS,  in "Dias da Poesia", 06.03.2015

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