quinta-feira, 21 de setembro de 2023

O PANTEÃO

Panteão Nacional - Lisboa
O PANTEÃO
por Eugénio Lisboa
O Panteão de um escritor são os seus leitores. Se estes não continuarem a existir, não há Panteão que os salve. Eça está, há muito e para sempre, no seu feliz Panteão: os leitores que o admiram e, na sua afiada e inovadora língua, se banham.
Uma das grandes forças da visão e da estilística de Eça foi sempre uma elegante e nobre distanciação da pompa, que considerava cómica e apenas bom material para uma desenfastiada chacota. Quem leu as inesquecíveis e contundentes páginas de UMA CAMPANHA ALEGRE, se tiver alguma sensibilidade e algum pudor, ficará assustado ao antecipar o que vão ser as palavras eriçadas que as “entidades” de colarinho engomado lhe vão fazer chover em cima (caso isso aconteça…), no próximo dia 27. Eça vai ter de dar muitas voltas, no túmulo, a tentar destemidamente evitar que lhe remexam nos ossos. E não vale a pena invocar a autoridade de eminências académicas, para justificar o injustificável: os textos e a vida do escritor falam por si. Deixemo-nos de hesitações eruditas e de talvez mas contudo: Eça abominaria ir para o Panteão. Bolas, leiam-lhe a obra com olhos de ver e ler! E deixem-se de pedir a opinião de “autoridades” académicas: consultem os textos! Arre!
 
P. S. – Entrou, ontem, em tribunal. uma Providência Cautelar, para travar esta idiota trasladação. Vamos ver se a festa se azeda.
Eugénio Lisboa, 20.09.2023

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