terça-feira, 8 de novembro de 2022

Os que vão morrer e os que vão viver

                   Claude Monet, Soleil couchant sur la Seine à Lavacourt.
                        
            Os que vão morrer
                          e
             Os que vão viver


O sol, dentro de mim, fez-se tão raro,
nem eu sei porquê! Fiz-lhe algum mal?
Ou desistiu de mim? Torna-se claro
que, afinal, é tristemente normal

que o sol se vá de mim afastando:
os que vão desaparecer repelem
- e são leis que nos foram ensinando –
os sóis que a outras vidas se atrelem.

Os que se apagam perdem vigor
e essa perda torna-se sinal
de que já os desertou o fervor.

Ir morrer parece que só faz mal
aos que ficam e não querem saber
nada, mas nada, dos que vão morrer.
                            08.11.2022
Eugénio Lisboa

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