sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Saudade de ti, África minha


Teus doces largos braços 
São troncos  de imbondeiro
Envolveram-me suavemente
Desejando-me boas-vindas
Ela graciosa e formosa
Desaguava no mar da hospitalidade
(...) 
Apaixonei-me por ela 
Maravilhei-me com seu corpo sereia...
Suguei-lhe a essência na cama da sua branca areia.
Ras Nguimba Ngola, " Mátria , Sereia na Areia"


Andar de olhos abertos. Descobrir. Absorver. Deixar entrar tudo o que se abarca numa diversidade desconcertante é o desassossego dos dias em África. Imparável, inebriante, imprevista, incómoda, infinda, inigualável, inquieta… importuna quem avista para se intrometer sem permissão. Em África, estar ou viver é sempre uma estimulante  provocação, um inquieto fascínio. Escolher para onde ir, quando tudo se insinua ,em desconhecida volúpia paisagística, é o maior desafio para quem chega ou (re)torna a Angola. Foram estas as palavras que registei neste espaço , quando revisitei Angola, em 2015. 
Hoje regresso a Angola. Não em presença, a impossibilidade ditada pelas circunstâncias actuais em que se move o mundo obriga a uma ausência física.  No entanto , a beleza e o deslumbramento daquela natureza pródiga são um apelo constante que sacode a memória visual, sensorial e afectiva  de quem conhece África. A  magia de África exerce uma sedução permanente que  nos deixa reféns submissos.
Angola é um dos mais belos países africanos. Imensa , luxuriante, imponente e por vezes    frágil e elegante oferece um manancial de paisagens inesquecível . 

" As sete maravilhas de Angola " foi um concurso , lançado em 17 de Julho de 2013 , pela National Seven Wonders, que teve a duração de  dez  meses.
A 2 de Maio de 2014 , a Organização  divulgou os nomes das sete maravilhas naturais de Angola , eleitas por votação do público , através de mensagens (SMS) . O resultado foi o seguinte:
Fenda da Tundavala (Huíla), Floresta do Maiombe (Cabinda), Grutas do Nzenzo (Uíge), Lagoa Carumbo (Lunda Norte), Morro do Môco (Huambo), Quedas de Kalandula (Malanje) e Quedas do Rio Chiumbe (Lunda Sul).
A Organização National Seven Wonders , com sede no Museu Le Corbusier, em Zurique, na Suíça, foi fundada em 2001 pelo filantropo suíço Bernard Weber para eleger as Novas 7 Maravilhas do Mundo (New 7 Wonders of the World).

Para mitigar a  saudade , resolvemos extrair dois registos de duas dessas maravilhas naturais. Começamos pelas  Quedas de Kalandula, antigas Quedas do Duque de Bragança,  localizadas no rio Lucala, o mais importante afluente do rio Kwanza. São as segundas quedas mais altas de África, com uma extensão de 410 metros e 105 metros de altura. Ficam a cerca de 80 km da cidade de Malanje, capital da província, e a 420 km de Luanda.
Quem lá vai , fica deslumbrado.  O som das águas, o vapor que se evola, a pujança de uma  beleza pura diante do olhar e o  atordoamento de tão  inesperada descoberta  levam a acreditar que talvez o paraíso seja ali. 
 
A Floresta do Maiombe está situada na região norte da Província de Cabinda, fazendo fronteira com o Congo Brazzaville e a República Democrática do Congo. Ocupa uma vasta extensão territorial de 290 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Buco Zau (comunas de Inhuca e Necuto) e Belize (comunas de Miconge e Luali). Apresenta uma densa vegetação com árvores frondosas  de  50 metros de altura, onde   o Pau-Rosa, Ngulo Mazi se destacam, entre outros. Quanto à  fauna , os elefantes, rinocerontes, pacaças são alguns dos animais de grande porte. Além destes , abundam,  nesta floresta,     vários primatas como  gorilas, chimpanzés, pequenos macacos e preguiças.  Há também  vários tipos de roedores e aves raras como o papagaio cinzento e periquitos.

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